A responsabilidade confiada a Jefferson Moura não foi pouca. Coube ao faixa-preta conduzir os treinamentos na matriz da Gracie Barra, na Barra da Tijuca, onde, por muitos anos, o mestre Carlos Gracie Jr. tradicionalmente comandou os treinamentos. E o lutador, campeão brasileiro entre os pesados em 2009, tem correspondido. Um dos focos é o trabalho com a garotada.
“Mesmo nessa época de férias, que o pessoal costuma viajar, a molecada não parou de treinar. Estamos com uns faixas-azuis que vão arrebentar. O bom de trabalhar com essa nova geração e que ela não tem medo de arriscar as posições, então é muito legal. Mas também estamos apostando muito nos nossos novos graduados, como o Kleber Buiú, que dá aulas comigo. Estamos com muitas revelações”, avisa.
Jefferson treina praticantes de todas as idades. Entretanto, o trabalho com os mais jovens deve ser diferenciado.
“Existem os faixas-azuis que querem lutar campeonatos e tem aqueles que estão em dúvida, mas querem sentir a experiência. Então temos que trabalhar com muito bate-papo, passar um pouco da nossa experiência para que eles fiquem tranquilos. Faço muito trabalho específico para fortalecer a base. O treinamento feito nessa época vai determinar se, lá na frente, o aluno será um bom atleta”, fala.
Mas, segundo o próprio treinador, não é a maioria dos praticantes que opta pela competição. O Jiu-Jitsu, ainda mais numa fase em que o indivíduo começa a formar valores e a solidificar o caráter, pode ser bom em vários sentidos.
“Muita gente começa a treinar por vários outros motivos. É interessante, porque todos entram inibidos, pisando em ovos. Depois de algum tempo, a molecada começa a se identificar e a mudar o comportamento. Muitos alunos me dizem que o Jiu-Jitsu veio para mudar a vida, que ajuda nas dificuldades do dia-a-dia. Isso para mim é muito gratificante”, diz.
Ferramenta que auxilia Jeff nesse trabalho é o sistema que vem sendo adotado em filiais da equipe por todo o planeta, chamado Escolas Premium Gracie Barra.
“Para quem vê de fora, a primeira coisa que chama a atenção é a organização. Para quem já está dentro é muito mais eficiente, porque temos todo um planejamento e didática. No final, não tem jeito: o aluno vai fazer o que foi ensinado. Então ajuda na disciplina, no aprendizado e na hierarquia. Os menos graduados respeitam os mais. Enfim, organiza e fica uma aula muito mais profissional. Se torna uma escola de Jiu-Jitsu.”
Por fim, deixando um pouco de lado a faceta de professor, Jefferson avisa aos adversários:
“Já estou me agitando para viajar para o Mundial e vamos ver se, este ano, luto o Brasileiro de novo para me manter no primeiro lugar. A idéia é essa!”, encerra o lutador, que também é bicampeão mundial.