Agora, se você pensa que Márcio saiu abatido, está enganado. O jovem, de 21 anos, ficou de molho em 2015 por conta de uma lesão no joelho, e este ano foi sua estreia como faixa-preta na competição mais difícil do mundo. Isso sem contar o sucesso do aluno de Fábio Andrade contra o astro Rubens Cobrinha. Márcio conseguiu passar a guarda e vencer o ídolo por 7 a 6 numa luta eletrizante nas semis.
O que se passa na cabeça de Márcio após encarar feras como Rafa e Cobrinha, que sempre se encontram nas finais? GRACIEMAG bateu um papo com ele e foi saber. Confira!
GRACIEMAG: Dizem que para virar uma lenda nas artes marciais é preciso vencer uma lenda. O que sentiu na luta com Rubens Cobrinha e como fez para passar aquela guarda sinistra?
Márcio André: Vocês me conhecem desde faixa-azul, lutei todos os Mundiais seguidos de faixa-azul, roxa, marrom e agora de preta. Fiquei fora ano passado por estar tratando da minha lesão. Antes, eu gostaria de falar o que o Rubens Cobrinha é para mim. Ele sempre vai ser meu ídolo e esse minha vitória não apaga nada do que ele é para mim e para o esporte. Se daqui a 5 anos, você me pergunta quem me inspira no Jiu-Jitsu de alguma forma, além do meu professor, eu nunca vou deixar de citar o Cobrinha. Ele tem todas as credenciais de um campeão: é bom de Jiu-Jitsu, faz guarda, passa bem e, acima de tudo, nunca perdeu a humildade. As armas do guardeiro são o quadril e as pernas, então, optei por controlar bem essa parte e evitar o jogo de guarda justo dele. Durante toda a minha jornada, eu sempre gostei de treinar além da academia. Hoje eu tenho um tatame em casa e treino com amigos e minha esposa. Fiz muitas repetições para todas as minhas posições e o reflexo disso aconteceu no Mundial. Ser professor agora em Abu Dhabi me deu outra visão. Quando você ensina, você automaticamente aprende também. Eu gosto de passar a guarda e fiquei feliz de ter conseguido isso contra atletas do calibre do Cobrinha. Mas quando desci do pódio, tudo ficou na história. É bom lembrar das vitórias, mas é preciso treinar mais e mais daqui para frente. Meu sonho era pisar na Pirâmide como faixa-preta, e aconteceu. Hoje já é um novo dia e eu preciso treinar mais do que antes. Amo essa vida que Deus me deu.
Rafa Mendes venceu no ajuste e na experiencia ali no fim. O que achou da final e o que achou do Rafa? Algo chamou a atencao, sua força, justeza, pegadas?
Rafael Mendes é um ótimo lutador e muito justo em suas posições. A luta foi parelha, mas ficou na 50/50 o tempo todo. Os fãs não gostam muito e nem eu, mas eu sei lutar em qualquer área que o adversário me coloque. Fiquei na frente durante um tempo na luta. Mas, perto do fim, ele conseguiu fazer duas vantagens e venceu. Fiquei feliz com minha atuação, porém estou longe, muito longe de estar satisfeito. Eu quero lutar cada vez mais na faixa-preta, vencer o que puder. Mal posso esperar pela próxima competição e disputar outro Mundial. Se tudo der certo, luto o Rio Open aí no Rio.
Você tinha treinado com Cobrinha e ficado amigo dele depois do ADCC 2013. Como foi deixar isso de lado para buscar a vaga na final?
Cobrinha é um cara fantástico como pessoa e atleta, deveríamos ter mais pessoas como ele no Jiu-Jitsu. Treinar com ele foi magnífico, aprendi muitas lições de Jiu-Jitsu. Eu fiquei emocionado por ter lutado com meu ídolo. Quando eu era faixa-laranja, Cobrinha já era um astro do esporte. Você quer mais emoção do que isso, rs. Lutei com muito respeito e com muito coração. Não é fácil lutar com seu ídolo, mas faz parte do esporte. Eu sou grato a ele por tudo que fez pelo esporte, continuo muito fã. Obrigado, Cobrinha.