Professora da Gracie Barra Curitiba, Nika Schwinden é uma das grandes entusiastas do fortalecimento do Jiu-Jitsu feminino do Brasil. A faixa-preta, formada em psicologia e campeã mundial master, é uma liderança entre as mulheres da Gracie Barra e motiva todo o público feminino a vestir o kimono e não desistir dos objetivos apesar de eventuais adversidades.
Nika e o marido Rodrigo “Pimpolho” Fajardo fundaram a Casa GB, projeto sediado em Curitiba voltado à formação de jovens atletas que sonham em viver do Jiu-Jitsu e conhecer a fundo os valores propagados na arte suave.
Em bate-papo com a equipe do GRACIEMAG.com, a professora Nika Schwinden contou como deixou a carreira como psicóloga para viver em prol do Jiu-Jitsu e listou suas metas à frente da Gracie Barra Curitiba.
GRACIEMAG: Como começou sua história no Jiu-Jitsu?
NIKA SCHWINDEN: Comecei a treinar Jiu-Jitsu em 2011, na Academia Equipe 1, com o Sebastian Lalli. Em agosto de 2013 me formei em psicologia e, em outubro, com o apoio do pai da minha filha e de muitos amigos queridos, me tornei campeã mundial master pela primeira vez. Um acontecimento levou a outro e eu abandonei o consultório no fim de 2014 para dar aulas de Jiu-Jitsu para mulheres. A partir daí, a psicologia que trago comigo começou a florescer no tatame. Percebi que poderia ser mais útil ao mundo como professora de mulheres, que assim como eu, tinham esquecido que além dos filhos, da família e do trabalho, são pessoas especiais e precisam ter um tempo para fazer algo por elas mesmas. Hoje eu trabalho com dezenas de mulheres que são exemplos pra mim. Minha filha também é minha aluna e fora do tatame é a maior alegria da minha vida. O Jiu-Jitsu me fez reencontrar como ser humano e ver que eu tenho a obrigação de devolver para o mundo todas as bênçãos e lições de superação que aprendi ao longo desses meus 40 anos. Eu tinha tudo para dar errado e o Jiu-Jitsu me fez dar certo.
Quais fatores são determinantes para o crescimento do Jiu-Jitsu feminino?
Considero que os pilares do crescimento no Jiu-Jitsu são, sobretudo, o envolvimento das mulheres em geral na sociedade com a arte marcial, a profissionalização das escolas de Jiu-Jitsu e um ambiente propício e adequado para que elas sintam-se familiarizadas com o esporte.
Como você ensina seus alunos a lidarem com as frustrações?
Ensino os meus alunos a buscarem aperfeiçoamento em vez da perfeição. Trago o entendimento de que somos seres falhos em constante construção. Teremos dias ruins e eles não nos definem, somos resultado do que fazemos nos dias bons e ruins.
Quais são os maiores desafios de ser a líder de uma equipe renomada?
Sou muito coração, talvez o mais difícil seja ter que deixar de lado as emoções. Estou no processo de aprendizagem. É muito complicado racionalizar tudo para mim, afinal de contas, trabalhamos com pessoas. Porém, não consigo deixar de colocar humanidade em tudo que faço. Ser uma pessoa “política”, no aspecto pejorativo, nunca foi minha vocação.
Quais são suas metas à frente da GB Curitiba?
Pretendo trazer possibilidades de futuro por meio do Jiu-Jitsu para as pessoas do nosso projeto, a Casa GB. Também espero formar mais mulheres professoras de Jiu-Jitsu e construir mais espaços acolhedores e respeitosos para ampliar o número de praticantes da arte suave. E, claro, difundir ao máximo nosso esporte aonde quer que eu vá. A meu ver, o Jiu-Jitsu é ferramenta de transformação social, mudou a minha vida e espero que mude a vida de milhares de pessoas. O mestre Carlinhos Gracie disse certa vez: “uma academia em cada bairro”. A missão foi dada, vamos fazer acontecer. Já somos uma realidade em Curitiba.