O choro de grande mestre Carlson Gracie no ADCC

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Tahnoon em foto com Carlson Gracie, durante o ADCC em Abu Dhabi. Foto: Acervo Renzo Gracie

No clássico duelo Jiu-Jitsu x luta livre, um confronto épico – de pura técnica e respeito entre os atletas – é bem pouco lembrado. Injustamente, por sinal.

A disputa se deu em 17 de janeiro de 2001, no ginásio da AABB no Rio, de frente para a lagoa Rodrigo de Freitas. O palco foi a seletiva para o ADCC, e os duelistas eram dois fenomenais finalizadores: Antonio “Nino” Schembri e Alexandre Ferreira, o Cacareco da luta-livre.

Com suas costeletas copiadas do ídolo Elvis Presley, Nino chegou à final da divisão até 88kg quase de paraquedas. Paulão Filho era o atleta favorito na divisão, mas quebrou a mão num vale-tudo e Schembri foi convidado às pressas.

Em sua primeira luta, o lutador da Gracie Barra finalizou rápido no braço. Na segunda, tomou um sufoco de Leopoldo Serão, quando o aluno de Eugênio Tadeu arrochou uma chave de braço ao estilo Sakuraba. Nino defendeu-se e capturou Leopoldo num triângulo.

Do outro lado, Cacareco distribuía sua chave kimura quase indefensável, quando passava a guarda e envergava o braço rival. Foi o golpe que usou duas vezes, inclusive na semifinal contra Fernando Paradeda.

Ao se encararem para a luta decisiva, de 20 minutos, ficou evidente a diferença de porte, e os quase dez quilos que os separavam. Nino batera 80kg no dia anterior, enquanto Cacareco pesou no limite da categoria.

A luta começou e Nino partiu com tudo para aplicar suas chaves omoplatas esquisitas e botes no triângulo, mas pelas regras do ADCC, puxar para a guarda resulta em ponto negativo.

Assim, Cacareco abriu 3 a 0, em três puxadas de Nino, e ficou administrando. Já no finzinho da luta, Nino arriscou tudo, explodiu por baixo, catou as pernas de Cacareco e o derrubou. Enquanto o oponente se recuperava da surpresa, Nino passou sua guarda e virou o placar em 5 a 3, para explosão geral do ginásio:

– Eu, eu, eu, o Elvis não morreu!

No ADCC 2001, nas quartas de final, a chave omoplata de Nino Schembri, contra Alexander “Sasha” Savko, tornaria-se famosa entre os xeques de Abu Dhabi.

“Quando a luta acabou”, narraria Schembri, “olhei para o mestre Carlson e ele estava chorando na arquibancada. Ele veio falar comigo que a vitória tinha feito ele se lembrar da sua primeira luta contra o Valdemar Santana, quando ele ficou por baixo o tempo inteiro e no fim conseguiu inverter e ganhar”.

Para Carlson, Nino demonstrara mais uma vez que a técnica pode superar a força. “Foi uma grande vitória do Jiu-Jitsu que vimos aqui. O Cacareco era dez vezes mais forte, e o Nino usou sua destreza para superá-lo. Ele merece todos os elogios, é disparado o melhor lutador deste torneio. E olha que para vencer o Cacareco tem que ser realmente muito bom, pois o cara é duríssimo”.

E você, já se emocionou ao assistir a algum combate de Jiu-Jitsu, com ou sem o pano? Comente com a gente.

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