Em setembro de 1994, Royce Gracie fez uma de suas mais célebres batalhas, contra Kimo Leopoldo, gigante alemão que cresceu em solo havaiano, no UFC 3 na Carolina do Norte. Uma semana depois daquela chave de braço triunfal, seu irmão Relson Gracie convidou parte da equipe que formava o córner para merecidas férias no Havaí, que por estes dias tenta se reerguer com bravura após um dos incêndios mais trágicos e tristes da história americana.
O espírito guerreiro dos havaianos pode ser verificado nessa histórica visita de grande mestre Helio às praias do arquipélago. Para confraternizar e apresentar brasileiros e locais, professor Relson, um herói local que ensina no Havaí desde 1988, resolveu organizar uma pelada num campo perto de Waikiki, com 11 para cada lado. O uniforme dos brasileiros, uma equipe de faixas-azuis em sua maioria, era uma camisa com os dizeres “Gracie Competition Team”. Bem, o Brasil era o atual campeão mundial de futebol, após jogo ferrenho nas oitavas contra a seleção americana, com o decisivo gol de Bebeto.
Tudo isso e nossa conhecida habilidade começaram a esquentar a partida amistosa, e logo uns havaianos da plateia começaram a brincadeira, com brados de “Kimo! Kimo! Kimo!”. O caráter amistoso estava indo por água abaixo. Foi quando, no segundo tempo, uma dividida mais forte fez o caldo entornar e o pau comer.
Parte do time abandonou o gramado e meteu sebo nas canelas, mas quem sobrou se meteu numa verdadeira batalha campal, com sete brasileiros contra quase 20 locais. Foram três minutos de defesa pessoal aplicada à realidade, até que o Jiu-Jitsu entrou em ação e começou a serenar os ânimos. Mas o melhor foi testemunhado pelo hoje mestre Relson:
“Enquanto a porrada comia geral, reparei no papai caminhando no meio do gramado, tentando casar os duelos. Ele veio até mim e disse: ‘Meu filho, chama aquele grandão ali para lutar contigo.’” O jogo acabou com as sirenes de oito carros da polícia, para acabar com a valentia.
Mestre Relson garante: fez até gol e o time Gracie ganhou na bola também.