Dois dos maiores prodígios da nova geração do Jiu-Jitsu, os irmãos Ruotolo brilharam no ADCC 2022, disputado, nos dias 17 e 18 de setembro, em Las Vegas. Enquanto Tye garantiu o terceiro lugar no absoluto, com direito a vitórias sobre Pedro Marinho e Felipe Preguiça, Kade venceu a categoria até 77kg ao finalizar o fenomenal Mica Galvão na chave de calcanhar.
Aos 19 anos, o atleta da Atos se tornou o campeão mais jovem da história do torneio. Antes, o posto pertencia ao seu primeiro professor, Rafael Mendes, que conseguiu a façanha na edição 2009, aos 20 anos. Estreante na competição, Kade mostrou maturidade de veterano e traçou uma rota irretocável para buscar o ouro.
O cabeludo Kade venceu por finalização as quatro lutas que disputou e sequer sofreu um ponto no campeonato. O jovem americano encantou os fãs do esporte pelo estilo finalizador e transições espetaculares. Se por um lado Lachlan Giles e PJ Barch sucumbiram ao armlock da fera, Mica e Roberto Jimenez não resistiram à poderosa chave de calcanhar tramada por Kade.
O puplilo de André Galvão adicionou outra marca importante ao currículo. Ele se tornou o primeiro lutador a finalizar Mica Galvão numa competição. Os fenômenos protagonizaram um duelo eletrizante na final da divisão até 77kg e Kade aproveitou uma brecha do adversário para conquistar a vitória.
Apesar da derrota precoce na categoria até 88kg, Tye foi um dos destaques do ADCC 2022. O americano estreou no torneio na edição passada, aos 16 anos, quando ainda estava na faixa-azul. Franzino, mas com muito talento, ele chegou à semifinal da divisão até 66kg, e só não levou o bronze na disputa pelo terceiro lugar porque Paulo Miyao resistiu a uma chave de joelho ajustadíssima.
Neste ano, Tye, mais encorpado, tinha as credenciais para triunfar na categoria até 88kg. No entanto, Josh Hinger, parceiro de treino de Ruotolo na Atos, frustrou os planos do lutador na fase preliminar. Em combate equilibrado, Hinger fez 3 a 2 e se classificou para as quartas de final.
Derrotado no sábado, Tye Ruotolo se reergueu no absoluto, disputado no domingo. O americano finalizou Pedro Marinho com um estrangulamento das costas e superou Felipe Preguiça por uma punição do mineiro nas quartas de final, em luta eletrizante. Tye carimbou vaga na próxima fase e mediu forças com Nicholas Meregali na semifinal. E por pouco, Ruotolo não finalizou o gaúcho. O atleta da Atos encaixou um triângulo de mão e quase estrangulou o adversário. No entanto, Meregali encontrou forças para resistir à pressão do rival. Após 10 minutos de uma verdadeira batalha, o brasileiro derrotou Tye Ruotolo na decisão dos árbitros.
Aos 19 anos e possivelmente distante do que podem alcançar em seus auges físico e técnico, os irmãos Ruotolo provaram que pertencem à nata do Jiu-Jitsu. Logo em seus primeiros passos na faixa-preta, já fazem parte de um grupo seleto. E a margem de crescimento destes fenômenos é assombrosa. Se já batem de frente com os melhores do esporte nos dias de hoje, é imensurável prever o que o futuro reserva para os gêmeos.
Com a gana da juventude aliada à mentalidade vencedora, os Ruotolo repetem com naturalidade o que fizeram nas faixas-coloridas. Os recordes conquistados no ADCC podem ser os primeiros de muitos a serem quebrados por estes prodígios.