O professor Ismael Fagundes carrega a bandeira do Jiu-Jitsu no exterior e propaga a cultura da arte suave em Utah, nos Estados Unidos. Representante da First BJJ Carlson Gracie, Ismael construiu carreira de atleta e professor e deu continuidade à jornada em solo americano. Quando ainda vivia no Brasil, o faixa-preta liderava o projeto social Alto Paraíso, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, e ensinava o esporte a moradores de comunidade.
Além das funções de competidor e professor, Ismael também é árbitro de Jiu-Jitsu e tem a oportunidade de transmitir conhecimento para os alunos por meio da visão de quem já viveu a experiência de atleta e árbitro.
Em bate-papo com a equipe do GRACIEMAG.com, Ismael Fagundes explicou como o conhecimento como árbitro o ajudou como atleta e professor, e detalhou como incentiva os alunos a se aventurarem nos campeonatos.
GRACIEMAG: Quais foram as lições mais importantes que o Jiu-Jitsu te ensinou?
Acredito que as maiores lições que o Jiu-Jitsu me ensinou foram companheirismo, superação, e o aprendizado de lidar com frustrações, especialmente nas derrotas, e o melhor, poder aplicar isso na vida também. Nunca fui talentoso, sempre tive vontade, treinei muito voltado para o Jiu-Jitsu e preparação física. Eu pensava: “posso perder, mas vão ter que fazer uma força.” Ganhar é bom, mas sempre gostei de me testar, independentemente do resultado, sempre foi uma vitória. Eu acho que me tornei amigo de quase todos os adversários que já enfrentei, após as lutas. Até porque quase sempre nos encontrávamos em treinos. Quando eu perdia, já estava no tatame na segunda-feira para corrigir os erros. Conversava com meu professor e colegas de equipe e buscava formas de melhorar meu jogo.
Quais são os maiores desafios de ser atleta e competidor no exterior?
Penso que a língua e os custos para se manter são sempre grandes desafios. No entanto, tive ótimo suporte aqui nos Estados Unidos, com o Gustavo Rodrigues, da GRBJJ, que me deu o melhor apoio possível quando cheguei. Outros amigos também me ajudaram, como Suyan Queiroz e Carlos Santos, ambos da First BJJ Carlson Gracie, equipe da qual hoje faço parte. Também integro o time de árbitros da Impact BJJ, uma empresa que promove e divulga o Jiu-Jitsu por meio de competições. Meu inglês ainda não está 100% afiado, mas não tenho tantas dificuldades de me comunicar, pois o Jiu-Jitsu é uma língua universal. O esporte abre portas, você é bem recebido em toda a comunidade aqui, assim como no Brasil.
Como você incentiva um aluno faixa-branca a competir?
Tenho como meu professor no Brasil, Alex Tchaka. Ele é um grande atleta até hoje e está sempre nas cabeças das competições. Eu competi desde a faixa-branca, treinava a pouco mais de três meses quando me testei pela primeira vez. Quando um aluno me pergunta se está na hora de competir, digo que ele precisa estar confortável em se colocar à prova e se desafiar. Falo para ele se divertir e fazer amigos. Mesmo que não consiga um resultado positivo, ele subiu de nível e passo a passo vamos alcançar os objetivos. Sempre estarei lá para vibrar com ele na vitória ou dar a força necessária numa derrota.
O que diferencia sua equipe das demais da região?
Existem muitas academias e ótimos profissionais em Utah. Eu não gosto de fazer comparações, procuro fazer o meu melhor para os alunos. Aproveito minha experiência como atleta e árbitro para dar uma ampla visão de competições e treinar a base, postura e movimentação para que meu aluno consiga se sobressair e estar um passo à frente do oponente nas competições.
Como você avalia o desempenho dos seus alunos nos campeonatos recentes?
Todos são grandes guerreiros, percebo que se esforçam ao máximo em cada competição. Nossa equipe tem conquistado resultados incríveis nos campeonatos, tanto com e sem kimono. Estamos sempre no pódio e, a cada treino e competição, temos resultados melhores. Eles me enchem de orgulho e é ótimo para mim saber que tenho uma pequena parcela no desempenho deles.