Antes do inicio das finais da faixa-preta, Tony, o locutor oficial, lembrou a todos, com a sua voz potente:
– Em 1995, o Pan-Americano de Jiu-Jitsu reuniu 150 atletas neste mesmo local para dar início a uma odisseia. Quinze anos depois, aqui estamos de volta e 2.800 atletas pisaram nas dez áreas de lutas montadas em 2010. O Jiu-Jitsu veio para ficar!
Os aplausos vieram sólidos, cada um ali aplaudindo ao próximo e a si mesmo, já que cada um de nós (inclusive você, leitor) é uma parte nesse crescimento impressionante da arte suave.
Foram quatro dias de devoção total ao Jiu-Jitsu.
Cada um dos quase 3 mil atletas merece um agradecimento pelo seu amor pelo esporte.
Mas, como o espaço é limitado, vamos destacar alguns que exemplificam o espírito do campeonato mais popular do ano.
Ricardo “Franjinha” Miller, líder da Paragon BJJ, estreou em grande forma no Sênior 2. Ganhou categoria e absoluto:
– E não tomei nehum ponto! – comemorou.
Abmar Barbosa, da Drysdale BJJ, foi uma gratíssima surpresa.
Fez 11 a 0 com autoridade em Kron Gracie logo na segunda rodada do peso médio e fez uma final eletrizante com outro membro da família, Kayron.
O recente faixa-preta, aliás, foi o segundo grande nome do Pan 2010.
– Ele lutou como um veterano! Bota isso na matéria! – “ordenou” um renomadíssimo professor.
Colocamos não pela ordem, mas pelo mérito. Kayron foi brilhante. Com costas de borracha, o “moleque”, como é chamado pelos amigos de Gracie Barra, soube controlar suas lutas e anular as qualidades dos oponentes, entre eles o campeão mundial Sérgio Moraes.
– Tenho muita gente experiente que me ajuda nos treinos. – disse Kayron, compartilhando os méritos.
Se Kayron foi o segundo grande nome, o maior personagem do Pan 2010 foi, sem dúvida, Bernardo Faria.
– Quem? – perguntariam os mais distraídos.
O mineiro Bernardo Faria é faixa-preta desde setembro de 2008.
– Considero que ainda estou no meu primeiro ano de faixa-preta. – diz.
Bom de guarda, Faria já tinha aparecido muito bem no Europeu, quando fechou o pesado com o general Gurgel, mas uma derrota para Cavaca o tirou da rota para o ouro absoluto em Lisboa.
Em Irvine, o garoto formado em administração, mas que decidiu viver do Jiu-Jitsu, deu o troco.
No aberto, derrotou Gabriel Vella e conseguiu sua revanche sobre Rodrigo Cavaca, no sábado.
No domingo, não se assustou com o campeão mundial (2008) Antônio Braga Neto e mesmo atrás do placar a luta toda conseguiu uma omoplata no minuto final, insistiu e levou o prêmio de dois pontos por raspagem.
Campeão também no pesado, Faria vibrou tanto com o segundo ouro que emocionou seus companheiros de Alliance e o público em geral.
– Ser campeão na preta era um sonho que eu precisava viver – resumiu.
De agora em diante, nada mais de “quem?” quando se falar de Bernardo Faria, o campeão absoluto Pan-Americano de 2010.
Mas não foi só.
Gabriel Vella reapareceu, agora na Ryan Gracie, para vencer.
Cobrinha iniciou o ano de despedida das competições jogando para frente e vencendo, tornand0-se o primeiro pentacampeão do Pan, na preta.
Lucas Lepri e Michael Langhi fecharam o leve de novo. Luanna Alzuguir finalizou todas as lutas.
Gabrielle Garcia, mais uma vez contra o público (que culpa ela tem de ser maior que as adversárias?) faturou o pesado e o absoluto.
Na marrom, Zak Maxwell, o menino que não sorri, deu show na final do absoluto. O aluno de Regis Lebre finalizou o duríssimo Lucas Rocha, da fábrica de talentos de Zé Radiola.
Hillary Williams quase teve o braço arrancado por Gabrielle no sábado, mas voltou no domingo para vencer o médio com duas finalizações.
– Meu ombro está doendo muito, mas estou muito feliz com as medalhas! – vibrou a loira, já a caminho de Abu Dhabi, para o World Pro JJ Cup.
Teve mais, muito mais, mas o espaço é escasso.
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Não perca GRACIEMAG #159, que vai trazer a cobertura completa do Pan 2010, com um show de imagens.