Monique Elias viveu momentos de incerteza no Pan de Jiu-Jitsu em Irvine. No último sábado, 14 de março, a faixa-preta da Alliance sofreu um lesão no pé durante o absoluto, depois de estar vencendo Tammy Griego (GB) por 10 a 0.
Mas ela não se deu por vencida no campeonato. Sem hesitar nem ligar para a dor, Monique retornou aos tatames no domingo, com força total para faturar o ouro no peso médio.
Ela finalizou as duas primeiras lutas e venceu Luiza Monteiro (Cícero Costha) por 6 a 4, numa final eletrizante. E ainda voltou viva para contar tudo o que aprendeu aos nossos leitores.
GRACIEMAG: Como foi conquistar o seu primeiro Pan como faixa-preta mesmo contundida?
MONIQUE ELIAS: Chorei muito no sábado, eu não sabia se realmente teria condições de lutar no domingo. O Mário olhou meu pé e disse: “Não luta. Você pode machucar mais, e então adeus ao WPJJC de Abu Dhabi e ao Mundial da IBJJF”. Foi doloroso de escutar. Quem é atleta sabe o quanto a lesão é triste nas nossas vidas. Mas eu pensei, treinei demais, vim até aqui e no meu primeiro Pan de faixa-preta não vou entrar para lutar? Não, isso não vai acontecer! Estava complicado para caminhar, pois tenho que encostar somente o calcanhar no chão e acaba doendo o quadril e o joelho do outro lado, por causa da compensação do peso. Eu tinha em mente adaptar meu jogo para as posições que eu não usasse o pé, mas foi difícil. Se eu sentisse muita dor, eu ia pedir para parar. Senti dor demais na final, mas a felicidade de estar ali competindo me levou além. Como diz um amigo meu que se mete a cantar uns raps de vez em quando: “A força vem da alma e é o que te faz vencer”.
Como analisa essa virada na final, contra a Luiza Monteiro (Cícero Costha)?
Foi uma luta bem boa de assistir. Eu não conseguia colocar o pé aonde eu queria, era como ter um gancho a menos, e isso me complicou em muitas situações. Ela se mexia o tempo inteiro, e ficava difícil de escolher uma guarda em que me sentisse confortável e segura. O que fez diferença foram os treinos específicos que faço em Porto Alegre. Deixo as meninas abraçarem a minha cabeça ou até mesmo passar minha guarda nos treinos, para eu fazer reposições. Quando necessário na competição, aquelas situações fazem parte do meu jogo. A Luiza é uma pessoa com um caráter que poucas pessoas no mundo possuem: ela teve a oportunidade de atacar meu pé, e não atacou. Achei uma atitude de uma nobreza incrível! Ela é forte e muito técnica, e não parou durante os dez minutos. Foi uma honra lutar com ela.
Como você obteve a raspagem decisiva no fim?
A minha última raspagem foi de lapela. Essa tenho de dar os créditos ao meu marido e professor Mário Reis. Ele me ensinou essa posição há um tempo. Eu estava bem treinada e confiante na posição. Era uma raspagem que não dependia do meu pé, então esperei o momento exato para executar. E eu não tinha base nenhuma para jogar por cima. Aprendi a importância também de estar com a lombar em dia também, agradeço ao meu preparador físico Wagner Zaccani.
Que lição você traz de Irvine junto com o ouro conquistado?
Não sei se eu faria tudo novamente. É muito arriscado você lutar lesionada próximo de um Mundial. Eu poderia ter piorado minha lesão. Graças a Deus deu tudo certo. Espero me recuperar logo, quero treinar e estar 100% nas próximas batalhas. Gostaria muito de agradecer as inúmeras mensagens de carinho, compaixão e incentivo que recebi pelas redes sociais e pelo celular. É muito importante contar com o apoio de vocês neste momento!