O próximo adversário de Anderson Silva no UFC é Chael Sonnen. Em jogo, mais uma vez, estará o cinturão de médios da organização. Quem já enfrentou Sonnen duas vezes é Paulo Filho, que combate no dia 13 de maio, no Bellator, contra a pedreira de Cuba Hector Lombard. Paulada conversou com o GRACIEMAG.com e deu algumas dicas ao Aranha, além de explicar o porquê de não tirar o kimono nos treinamentos antes de uma vale-tudo. Confira:
Você já enfrentou o Sonnen em duas oportunidades. Que dica dá ao Anderson?
Aconselho a ele treinar muita joelhada de encontro e, caso ele caia por baixo, que tome cuidado com o cotovelo. O Sonnen entra na guarda e se joga mesmo. Ele não vai querer ficar em pé e, quando dá o bote na perna, dá um bote bom. Acredito que, se ele não levar essa joelhada de encontro, vai acabar conseguindo derrubar em algum momento. Então acho que é trabalhar essa joelhada e manter a distância certa. Se cair por baixo, uma boa é um golpe de encontro com o cotovelo enquanto o Sonnen se joga. Fica ali meio se defendendo, e dá nele. É um dos caminhos. O que não pode é ficar de bobeira, porque o cara derruba bem mesmo e castiga.
O Sonnen tem chance de ganhar de qualquer um” Paulão
Mas você acha que o Sonnen tem realmente condições de vencer o Anderson?
É uma luta ruim. Sou Anderson até morrer, até porque o Sonnen não foi muito respeitoso comigo. Fui um gentleman com ele. Concedi revanche sem ter necessidade. Ele gritou na primeira luta e, se o juiz não separasse, o braço ia quebrar. Depois perdi a revanche e dei o cinturão para ele, apesar de não ter valido o título. Entretanto, ele não deixou de pegar os 25% da minha bolsa, por ter estourado o peso. Mas perdi por falha minha mesmo e sabia que aquele cinturão não era mais meu. Entreguei e ele até hoje fala umas besteiras. Então sou Anderson desde criança. Aliás, sempre torço para qualquer brasileiro, mesmo os que eu tenha certa indiferença. Mas o Sonnen é muito duro e perigoso. Tem chance de ganhar de qualquer um.
Como está o treinamento para enfrentar o Lombard no Bellator?
Estava com 102kg e agora estou com 93kg. Tenho mesclado bastante o treinamento. O Distak vem me preparar na maioria dos dias e três vezes por semana faço Jiu-Jitsu com kimono e preparação física, um ferro específico para a luta e para as minhas qualidades. Trabalho muita isometria, a lombar e o pescoço, grupamentos musculares que uso bastante. O Julinho Muniz me dá uma força grande nisso e o treino de Jiu-Jitsu é com o Osvaldo Alves e na Carlson Gracie. Já o Distak despenca lá do Recreio, depois de trabalhar com aquela galera toda, e só falta me matar. Já estou até meio fraco, por causa da dieta, mas é assim mesmo. Na hora a gente fica bem. É isso o que tenho feito, mesclado bastante.
Você não deixa de treinar Jiu-Jitsu de kimono, mesmo perto das lutas, ao contrário da maioria dos lutadores de MMA. Por quê?
Por exemplo, vamos falar da época da rivalidade entre Jiu-Jitsu e luta livre. Por que nós do Jiu-Jitsu levávamos vantagem? O kimono faz raciocinar muito mais. Sem ele você tem menos variedade de golpes e escorrega muito. O kimono te prende e, obrigatoriamente, treinamos com uma sobrecarga. É como o velocista que começa o treino com um colete de 20kg e, gradativamente, quando vai tirando o peso, começa a voar. Com o kimono temos milhões de posições e variações, então temos que usar muito mais a cabeça. São vários ângulos para executar uma chave de braço, vários estrangulamentos, raspagens, passagens… Isso abre um leque maior e, na hora do birimbolo, nos faz estar alguns passos à frente do cara que apenas treina submission. A minha teoria é essa.