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Por dentro do treino de elite da Gracie Barra Matriz, sob comando de Jefferson Moura

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Terça de gala na GB Rio Matriz: Jefferson Moura tem promovido o intercâmbio técnico e a união na clássica escola da Barra da Tijuca. Foto: Gustavo Aragão/GRACIEMAG

Terça de gala na GB Rio Matriz: Jefferson Moura tem promovido o intercâmbio técnico e a união na clássica escola da Barra da Tijuca. Foto: Gustavo Aragão/GRACIEMAG

Com instruções firmes e claras, o professor Jefferson Moura rapidamente divide os 103 atletas espalhados pelo clássico dojô azul de 200 metros quadrados cercado de escudos vermelhos. “Vamos lá, pessoal. Quem estiver com menos de 80kg para cá, acima de 80kg para lá”.

O treino, com 23 faixas-pretas e um punhado de competidores de elite, é segmentado em quatro rolas de oito minutos, com oito de descanso. Com praticantes duros em todas as faixas, o ritmo pode ser inclemente para quem não se poupou no carnaval do Rio de Janeiro. E tome gente batucando, tal qual escola de samba.

“Meu Deus, estava chovendo, por que eu decidi vir hoje? Por que não fiquei em casa quieto?”, brinca um faixa-marrom na casa dos 30 anos, exaurido, na terça-feira 27 de fevereiro. Para quem não está em plena forma, o castigo é pesado. Na Gracie Barra Rio Matriz, por sinal, o Castigo mede 2 metros e 114kg. Trata-se do gigante faixa-marrom Vinicius “Castigo”, aluno de Jefferson vindo da Gracie Barra Recreio. O faixa-marrom funciona como um termômetro para os alunos mais duros. Quem sobreviver ao “Castigo”, pode acreditar, está pronto para qualquer parada.

“Criamos esse treino de campeonato toda terça-feira com o objetivo de preparar os alunos para as principais competições nacionais e internacionais. Não é sempre que se tem a oportunidade de reunir mais de 20 faixas-pretas num único tatame. Isso se traduz em experiência. Para fazer do atleta um campeão, não basta o professor ser dotado de boa técnica, é preciso dedicação e muita psicologia”, conta Jefferson Moura, desde 2009 à frente da Gracie Barra Rio Matriz, primeira academia de mestre Carlos Gracie Jr.

Durante duas horas, os alunos tiram dúvidas com o professor Jefferson e outros donos de escolas, e têm oportunidade de conhecer jogos de adversários diferentes dos que estão acostumados a treinar em suas academias. “Alunos de todas as unidades Gracie Barra são muito bem-vindos. Aqui eles aprendem e têm a oportunidade de vivenciar fisicamente e mentalmente situações que vão enfrentar nos campeonatos, como o rodízio de oponentes, o treino contra desconhecidos. O aluno sai daqui mais equilibrado e mais confiante”, repara o faixa-preta de 40 anos, que treina desde os 15.

Sandro Marins e Jefferson Moura durante o treinão de terça. Fotos: Gustavo Aragão

Sandro Marins e Jefferson Moura durante o treinão de terça. Fotos: Gustavo Aragão

Para o professor Alessandro “Sandro” Marins, faixa-preta cinco graus, o treino semanal tem outro trunfo: “Anos atrás, todos os melhores faixas-pretas da equipe treinavam sob o mesmo teto, o que mantinha a equipe forte e unida para os torneios. Hoje, com 40 unidades da academia somente no Rio, isso ficou mais difícil. Com esta terça de gala organizada pelo professor Jefferson, é possível a troca de informações e reforça-se a união dos atletas. Estão todos sempre treinando juntos”.

Para o professor Osvaldo Neto, quatro graus, o celeiro das terças há de render frutos em breve: “Tenho certeza de que não sairão daqui um ou dois faixas-pretas campeões mundiais não – serão vários”.

Como um bom líder está sempre em busca de novos desafios, o professor Jefferson já traça outros planos. O próximo passo é desenvolver esse trabalho de formação de novos campeões de Jiu-Jitsu nos EUA. O endereço já foi escolhido: Chicago, no estado de Illinois, onde Jefferson será o professor titular da GB aurora. Planos para o futuro não faltam para o professor, que já ensina Jiu-Jitsu há 20 anos e foi campeão mundial faixa-preta em 2003, além de vários títulos nacionais e internacionais. “Vale reforçar que dentro do Jiu-Jitsu existe um caminho longo a percorrer”, ensina o professor. “Depois de muitos anos de treinamento e conquista de títulos o mais gratificante passa a ser a transferência de conhecimento. Hoje me sinto realizado com o trabalho que venho fazendo no Brasil. Agora o desafio vai ser ensinar em outro país”, conclui Moura.

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