Por que André Galvão x Gordon Ryan pode ser a maior luta da temporada

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Por Gabriel Almada *

Dois dos maiores nomes da história do Jiu-Jitsu sem kimono, o brasileiro André Galvão e o americano Gordon Ryan vão se enfrentar na superluta do ADCC 2022, a ser realizado nos dias 17 e 18 de setembro, em Las Vegas, Estados Unidos. Fãs da modalidade ao redor do mundo aguardam pelo embate entre os rivais, que podem protagonizar a luta do ano, quiçá a maior da história da organização.

Vencedor das últimas quatro superlutas do ADCC – 2013, 2015, 2017 e 2019 –, André Galvão terá pela frente o prodígio Gordon Ryan. Treze anos mais novo do que o brasileiro, o americano tem um cartel de invejar. Entrou de vez nos grandes holofotes na edição de 2017, em Espoo, na Finlândia, logo em sua primeira participação no evento, quando faturou o ouro no peso até 88kg, e o vice-campeonato no absoluto. Na edição seguinte, no ADCC 2019, na Califórnia, Ryan não tomou conhecimento dos adversários e conquistou o ouro duplo, com performances dominantes.

Prestes a completar 40 anos, André Galvão conhece como ninguém os caminhos para chegar e se manter no topo do ADCC, charmoso torneio sem kimono criado em 1998. A expectativa é de uma luta franca e pouco burocrática entre os craques, conhecidos por jogos agressivos e finalizadores. Aquele típico combate que pode ser definido no detalhe. Gordon carrega consigo a juventude e o ímpeto da nova geração, enquanto André, dono de um estilo de jogo muito volumoso, tem na bagagem a experiência ímpar e conhecimento das artimanhas que podem frear as investidas do oponente. Sua última vitória, para exemplificar, foi na superluta contra Felipe Preguiça, por uma queda, no ADCC 2019.

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A superluta do ADCC 2022 tem todas as credenciais para entrar na história dos esportes de combate. A rivalidade entre os lutadores esquentou em fevereiro do ano passado, quando o americano desferiu dois tapas no rosto do brasileiro nos bastidores do evento WNO, ocorrido no Texas. Desde então, ambos têm trocado farpas nas redes sociais e, consequentemente, têm fomentado o aspecto comercial da luta.

Principal expoente da nova geração, irreverente, falastrão e forte candidato a fenômeno, Gordon Ryan tem noção de sua relevância no esporte e sabe perfeitamente como explorá-la a fim de se promover. A verve e o papel de vilão, e o fato de autointitular-se “Rei do Jiu-Jitsu sem kimono”, somados a tantas conquistas esportivas reforçam a personalidade cativante do lutador.

A narrativa criada em torno da luta é perfeita para Gordon. Uma possível vitória sobre Galvão poder acarretar uma significativa transferência de popularidade para o americano, além de representar uma clara passagem de bastão: da velha para a nova geração. Não há como ficar indiferente ao que está por vir no dia 18 de setembro. Um triunfo de Galvão, por outro lado, daria um freio à onda Ryan, enquanto a vitória do outro lado pode consolidar de vez o rival como maior de todos os tempos do grappling.

Não satisfeito em tentar superar o brasileiro na superluta, Gordon, atual duplo campeão do ADCC, inovou e confirmou seu nome na divisão acima de 99kg, para buscar mais uma medalha de ouro para o currículo.

Apesar de se considerar o monarca, Gordon terá de desbancar aquele que detém a majestade do ADCC para botar a mão numa bolada em prêmios: pela primeira vez, a superluta vai pagar 100 mil dólares ao campeão, cerca de R$ 504 mil na cotação atual.

Vale destacar que a patrocinadora do evento fez uma injeção financeira de 50 mil dólares graças à relevância dos protagonistas. Esse é aquele tipo de luta que transcende o mérito esportivo: vale a honra dos dois lados. São dois talentos natos, polidos ao longo da vida para serem o melhor. Dois estilos de jogo mais refinados que o esporte já presenciou.

Impossível não esperar uma luta quente, tensa, movimentada – épica, numa só palavra. Serão 20 minutos de uma guerra do mais alto nível que o grappling já produziu, sem contar o possível tempo extra. Que vença o melhor. Quem será o verdadeiro Rei?

* Gabriel Almada é faixa-roxa de Jiu-Jitsu e jornalista. Ele faz sua estreia como colaborador no GRACIEMAG.com.

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