José Aldo Júnior não está para brincadeira. Marcado a ferro e fogo com menos de um ano de idade (caiu com o rosto em uma grelha de churrasco aos 10 meses de idade, o que lhe valeu a cicatriz que tem até hoje e o apelido “Scarface” nos Estados Unidos). Servente de pedreiro ainda criança.
Lutador de Jiu-Jitsu desde os 13 anos. Foi para o Rio de Janeiro sem ter o que comer e morou na academia aos 16. Primeira luta oficial de MMA aos 17, com vitória por nocaute. Campeão invicto do World Extreme Cagefighting (WEC), com direito a nocaute brutal em Cub Swanson por joelhada voadora e vitória incontestável sobre o queridinho da mídia Urijah Faber. Surra tão brutal que fez Faber descer de categoria e não se arriscar a voltar ao peso-pena por cinco anos.
Primeiro e único campeão dos penas do UFC. Espancou o canadense Mark Hominick diante de 55 mil pessoas no Canadá. Enfileirou Kenny Florian, Chad Mendes (duas vezes), Frankie Edgar, Chan Sung Jung e Ricardo Lamas. O esportista mais vitorioso já nascido em Manaus. Com uma vida assim, você acha que Zé Aldo vai se intimidar com as estripulias de Conor McGregor?
No UFC 194 deste sábado, Aldo não vai trabalhar, Aldo vai à guerra. Sem desmerecer outros grandes lutadores de origem humilde, não vejo ninguém mais guerreiro no MMA do que o nosso campeão do UFC. Cada evento é uma batalha pela sobrevivência. Quando Zé Aldo se encaminha para uma luta, é como se ele dependesse daquela vitória para manter tudo o que conquistou arduamente. Sua família, seu mestre, seus amigos, seu país. Em sua mente, todos contam com ele.
Fora do octógono, José é um bem humorado flamenguista fanático e um pai de família sossegado. Em dia de luta, ele se transforma. Repare o olhar concentrado, a inquietude no caminhar para a arena, o esforço para se conter até o soar do gongo. Não é raiva. Não é pressão. Não é marra. É um estado bruto de alerta, um instinto de homens sem firulas. Ao vê-lo, imagino um viking em seu navio, prestes a desembarcar em uma praia estrangeira para uma pilhagem que vai garantir a manutenção de seu povo.
Não se engane ao confundir essa dureza com ignorância. O manaura sabe muito bem a hora de liberar o leão que mora em seu peito. Na turnê de divulgação do aguardado combate, Conor McGregor provocou Aldo de todas as maneiras possíveis. Você podia ver nos olhos do campeão que nada lhe daria mais prazer do que triturar aquele falador. Era como um tubarão que farejava sangue na água. Porém, José sabe que a promoção é importante para o esporte e para sua própria carreira. O bote virá na hora certa e será devastador.
Não estou menosprezando o perigoso McGregor, que tem técnica e porte que podem lhe garantir a vitória. Contudo, tenho certeza de que, se José Aldo perder, não será por falta de foco, dedicação ou gana durante a luta. Uma vez dentro do octógono, é “matar ou morrer” para ele. Além disso, acho que o brasileiro bate mais forte do que o irlandês e tem melhor técnica de solo.
Aldo é uma dose de cachaça, McGregor é um drinque forte e colorido em um copo com guarda-chuvinha. Ambos podem derrubar, mas o brasileiro desce queimando. McGregor não sabe com quem andou brincando.
UFC 194
Las Vegas, Nevada
12 de dezembro de 2015
José Aldo x Conor McGregor
Chris Weidman x Luke Rockhold
Ronaldo Jacaré x Yoel Romero
Demian Maia x Gunnar Nelson
Max Holloway x Jeremy Stephens
Card preliminar
Urijah Faber x Frankie Saenz
Tecia Torres x Michelle Waterson
Warlley Alves x Colby Covington
Léo Santos x Kevin Lee
Joe Proctor x Magomed Mustafaev
John Makdessi x Yancy Medeiros
Court McGee x Márcio Lyoto
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