Neste artigo, publicado originalmente na GM #242, tentamos decifrar um dos grandes mistérios do Jiu-Jitsu esportivo atual: qual seria a melhor tática para vencer o jogo imprevisível de Leandro Lo?
Para aprofundar o debate, convidamos um dos oponentes mais sagazes e experientes de Leandro Lo, o peso pesadíssimo João Gabriel Rocha, da equipe Soul Fighters, que treina e compete desde os 5 anos de idade. Confira a análise da fera nas linhas abaixo e assine já a GRACIEMAG Digital, para ter acesso a conteúdo exclusivo na palma da mão pelo celular ou no conforto do seu computador!
“E o que faz o Leandro Lo um lutador tão duro de ser batido? Em primeiro lugar eu apontaria como fator essencial o ritmo dele, ritmo em todos os sentidos da palavra. Ele vem pelo menos há uns quatro, cinco anos, num ritmo de competição muito bom, disputando os maiores torneios sem pausas, e perseguindo de perto esse título mundial absoluto. E é aquilo, de tanto bater na trave, uma hora a bola certamente vai entrar, acredito nisso.
“A cada ano que passa, vejo que ele fica mais experiente no Jiu-Jitsu, mais afiado e cometendo menos erros contra os adversários. E ainda por cima o Lo fez esse trabalho para ficar mais pesado, passando de 76kg para 94kg em cinco anos. Ou seja, a cada ano que passa ele está mais técnico, consciente e indigesto. E mais forte. O outro tipo de ritmo de que falo é a movimentação frenética que ele tem como estilo ao lutar. Lógico que mais pesado ele perde um pouco da velocidade, mas continua rápido em relação aos grandões.
“E tem um agravante: o Lo demonstra um poder de recuperação sobrenatural, ele consegue descansar durante a luta, um superpoder impressionante. Repara que ele fica ali, com aquela cara meio esbaforida, mas está com um gás infinito ainda, para lutar mais 50 minutos. Se a luta toma um ritmo incessante e ele cai por baixo, ainda assim ele demonstra um poder de descansar e explodir como poucos possuem. Ele fica ali com a guarda aberta impedindo o passador de se mexer, não pode ser punido pois está com a guarda totalmente aberta, e de verdade está apenas recuperando o fôlego por uns segundos, para explodir e vir para cima com tudo, raspando geral.
“É um gás extraterrestre. E o Leandro tem um outro fator determinante no seu sucesso no Jiu-Jitsu que é a imprevisibilidade, para mim o maior obstáculo ao enfrentá-lo. O oponente nunca sabe qual é o melhor jogo dele: se você puxa, ele passa bem para caramba; se deixa ele puxar, ele raspa bem para caramba. Então é um problema muito parecido com o Buchecha. Eles não têm, claro, posições similares, mas ambos têm jogos bem soltos e ofensivos, marcados por essa característica de fazer tudo muito bem, sabem inverter e transpor a guarda muito bem.
“Para terminar, o Lo ainda tem outro ponto forte, que é a elasticidade, é um cara com a guarda muito alongada, pernas longas e braços compridos, que confundem o oponente. Ou seja, fica bem complicado achar um meio de vencê-lo. Claro que isso já foi feito. Dois Mundiais atrás, o Bernardo Faria realmente encontrou uma fórmula, mas que é só dele. O Bernardo conseguiu travar o Lo, amassou bem por cima e passou a guarda até finalizar, mas acredito que com o Lo ficando mais forte e pesado o resultado pode ser diferente, creio que ele consiga resistir mais às passagens fortes do Bernardo.
“É um estilo difícil de imitar, eu por exemplo não tenho esse estilo, de lutar mais imóvel, impondo a pressão pouco a pouco com muita força. E se você for reparar, o Leandro sempre foi esguio, mas já era mais alto que o Xande, com uma envergadura e umas pernas muito grandes. Ele já tinha um porte de grandão, só era muito fino e esguio.”
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