O campeão brasileiro de Jiu-Jitsu Rudson Mateus, 23 anos, é conhecido entre os fãs e comentaristas por um forte jogo de guarda fechada, posição que, lapidada desde os tempos de faixa-azul, tornou-se sua armadilha favorita.
Só na faixa-preta, que Rudson amarra na cintura desde 2017, o jovem atleta da Caio Terra Association (CTA) acumula 21 finalizações em 32 vitórias, de acordo com o site BJJ Heroes. De suas 21 finalizações, Rudson usou o armlock da guarda fechada em seis oportunidades.
Mas o que faz da guarda de Rudson tão poderosa? Bem, vale contar a história do lutador lá do começo: desde jovem, o amazonense foi acostumado a nadar contra a corrente nas represas e rios de Manacapuru, onde nasceu. Foi esse hábito, segundo o próprio acredita, que acabou desenvolvendo bastante a sua força. O mergulho tornou-se até hoje seu passatempo favorito quando ele não está na academia. E o que o fez desenvolver sua técnica? O primeiro e mais forte aspecto foi mesmo a repetição:
“Desde a faixa-laranja, treino bastante o armlock, sem deixar de voltar a ele. Com isso eu entendi profundamente o conceito da posição, as pegadas e o movimento do quadril. De qualquer posição eu consigo visualizar o armlock. E não deixo de repetir e repetir o treino da posição, da guarda fechada inclusive”, conta Rudson, antes de detalhar o conceito da técnica.
“O armlock é uma posição que requer um bom ajuste, não é só achar que deve escapar o quadril e jogar as pernas por cima do adversário, acho que por isso muita gente desperdiça o golpe na categoria de base”, diz a fera. “O que a galera mais erra, ao meu ver, é no lance de travar o braço do adversário. Este é um dos fatores mais importantes do armlock”.
Para Rudson Mateus, outro erro clássico ocorre quando o praticante tenta passar a perna por cima para arrochar enfim o golpe: “Vejo que a galera tem a mania de cruzar as pernas. Quando você cruza a perna, você acaba por não dar a pressão onde deveria, ou seja, na costela e na nuca do adversário”.
Pronto, agora você já pode começar a aperfeiçoar de vez seu armlock: primeiro, trabalhe o aprisionamento do braço do oponente; se já está afiado nisso, veja se as pernas estão dando a pressão correta. Agora, de acordo com Rudson, é concentrar nos detalhes:
“Preste atenção nas mínimas coisas, como os ajustes das pegadas, a saída de quadril e, principalmente, o seu posicionamento de pernas. Por exemplo: nunca feche a guarda com as pernas baixas – mantenha as pernas firme na mesma altura do quadril do adversário”, ensina. Para melhorar o trabalho de quadril, o faixa-preta amazonense sugere: “Faça sempre exercícios para deixar o quadril forte. Invista na fuga de quadril como aquecimento, é um ótimo começo”.
Se mesmo assim seu armlock estiver capenga, Rudson tem uma dica de mentalidade: pensar na frente sem medo de tentar. “Quando você pensa na frente, você age primeiro e isso é bom. Jamais deixe de tentar uma posição por medo de errar. Eu nunca penso que vou errar meu armlock voador, por exemplo. Com a confiança dos treinos, eu sempre tento”, conclui a fera.