O ex-campeão do UFC Anderson Silva passou por uma constante onda de pressão ao longo desses sete anos sendo o dono da cinta dos pesos médios. Vindo de origem humilde, tento até trabalhado no McDonald’s por um período de tempo, o impacto de construir um dos maiores nomes do MMA pode ter consequências no psicológico do atleta.
Anderson ficou famoso, muito famoso. Era o maior em uma organização com nomes como Jon Jones, GSP e outros, e junto com a fama vinham os deveres de campeão. Sete anos de fotos, autógrafos, assédio da imprensa, compromissos fora do cage, adversários o desafiando. Pedras de todos os lados.
Para saber até que ponto essa pressão pode ter afetado o psicológico de Anderson, GRACIEMAG conversou com o psicólogo, pós-graduado em psicanálise, Eduardo Coelho, e o profissional colocou alguns pontos em destaque:
“Anderson possui muita confiança. Ninguém coloca a cara para bater e com a guarda baixa sem ter confiança do queixo e nas habilidades. Lógico, ele sabia que não era somente o seu “clone” dele que poderia derrota-lo. Mas mesmo contra adversários que representavam perigo, Anderson manteve o seu jogo sob o peso de anos de cinturão e contratos milionários”, disse.
Já sobre o peso da culpa de Anderson, ao fato de perder o cinturão de uma maneira vista como displicente, o psicólogo levanta possibilidades:
“Há duas possibilidades: ele achar que a derrota foi uma falha com o exagero do seu jogo ou achar que Weidman realmente é melhor do que ele. Como apenas um lutador atuou, acho que a consciência do erro é a que vigorará. Ele não pode deixar se consumir pela raiva e culpa de ter perdido daquela forma. E também fica a pergunta: qual a motivação do Anderson para continuar lutando? Isso sim será essencial para a carreira dele e na forma como enfrentará as mesmas pressões, a desconfiança dos fãs, de mostrar que a derrota se deu a um erro, a credibilidade com patrocinadores e contratos em risco”, analisou.
Porém, quando perguntado se seria Anderson Silva um herói ou um vilão, Eduardo Coelho foi enfático ao dizer que não existe esta definição, e que o atleta pode se vestir de uma persona para se proteger dos fatores externos:
“Não conheço o Anderson, ele não é meu paciente. Então eu não sei se ele é desrespeitoso ou provocativo em sua vida pessoal. Ou se é o atleta simpático e de sorriso fácil nas entrevistas, por exemplo. Ele, como Muhammad Ali, veste um personagem – às vezes vários. Há lutadores muito bons que não conseguem atrair o público dessa forma. Anderson atrai, chama atenção. Mas com isso vem uma pressão maior, contra a qual ele tem que ter estrutura emocional para aguentar” concluiu o profissional.
E você, leitor, acha que Anderson estava no cage naquele 7 de julho, ou era apenas um de seus personagens?