O mundo do esporte recebeu uma triste notícia. Lenda do Boxe, Eder Jofre morreu na madrugada deste domingo, aos 86 anos, numa clínica localizada de Embu das Artes, no munício de São Paulo. O ex-pugilista perdeu uma inglória batalha contra complicações de uma pandemia. Ele sofria de encefalopatia traumática crônica, doença neurológica provocada por impacto na cabeça.
O eterno “Galo de Ouro” brilhou nos ringues e inspirou gerações de pugilistas. Único brasileiro a integrar o Hall da Fama do boxe, Eder Jofre teve papel fundamental na popularização da modalidade no Brasil e deixa um legado imensurável para o esporte.
O “Galo de Ouro” se tornou tricampeão mundial, com títulos nos pesos galo e pena. Jofre estreou nos ringues pela primeira vez em 1953 e conquistou o cinturão entre os galos em 1960. Ele venceu sete lutas seguidas por nocaute e foi destronado pelo japonês Masahiko Harada cinco anos depois. Jofre tentou recuperar o posto de campeão, mas foi derrotado novamente pelo rival. Após três anos de inatividade, Jofre calçou as luvas e conquistou mais um título mundial, desta vez no peso-pena.
Ao longo de sua carreira profissional, Eder Jofre contabilizou 78 lutas: 75 vitórias, quatro empates e apenas duas derrotas. Dono de 50 triunfos por nocaute, o icônico pugilista pendurou as luvas em 1976.
Além da nobre arte, Eder Jofre tinha outra paixão: o futebol. Ele era torcedor do São Paulo.
Confira abaixo as cinco lições de persistência do saudoso “Galo de Ouro”:
- “Me lembro da última luta em que meu pai esteve, já muito debilitado pela doença. Mesmo assim, fez questão de ser meu treinador no córner. E a cada intervalo ele subia e descia os degraus do ringue e fica muito cansado. Então, tentei terminar a luta o mais rápido possível só para ele não ficar cansado.”
- “Nas Olimpíadas, fui fazer luva com o Celestino, que era peso leve, machuquei o septo nasal e não podia respirar direito, podem até pensar que era desculpa. Mas em 1957, me tornei profissional e depois de quatro ou cinco lutas fui lutar novamente contra o Barrientos. O levei à lona por oito vezes, antes do nocaute final. Queria mostrar que nas Olimpíadas não havia perdido para ele.”
- “Sentia o sangue escorrer do nariz para a minha boca. Ele me bateu demais e falei para o meu pai que não ia aguentar voltar para o décimo round. Mas o meu pai disse que o Medel estava morto e para eu ir com tudo. Fui e o derrubei.”
- “O Caldwell falou demais, desfez de mim e do Brasil. Castiguei ele sem pena, porque a gente lutava para engrandecer o nome do Brasil e ele vinha e falava mal? Bati o suficiente para ele não cair. Só quando quis, o derrubei.”
- “Meu golpe preferido era aquele que acertava o adversário. Me sinto orgulhoso por ter subido ao ringue e defendido o meu país de maneira digna. Sou um homem completo em todos os sentidos.”