Judoca medalhista olímpico, dono de um Jiu-Jitsu refinadíssimo, fundador de um instituto que transforma a vida de 1.200 jovens, apresentador do Sportv e namorado da atriz Fiorella Matheis. E ainda surfa bem. Flavio Canto, 36 anos, tem uma série de motivos para ser admirado, não apenas por você, leitor do GRACIEMAG.com, mas por mortais em geral.
Obcecado nos treinos e na vida profissional, o medalhista de bronze em Atenas desfiou recentemente, em reportagem da Editora “Trip”, uma série de lições que o levaram a ser um lutador/professor bem-sucedido. GRACIEMAG aproveitou a deixa e selecionou os ensinamentos mais marcantes da carreira de Canto para você.
1. Aprenda a administrar bem seu tempo
Em 2011, Flavio Canto conviveu com uma lesão no joelho, uma séria infecção bacteriana no local, quatro cirurgias e um período longo de recuperação. O que não o impediu de, com disciplina e dedicação, treinar, apresentar o “Sensei Sportv”, dar aulas de judô e Jiu-Jitsu para a garotada do Instuto Reação e chegar em sétimo no Mundial de Judô de Paris. Canto é um mestre na arte de multiplicar as horas do dia, na linha do “Se eu curto, eu arrumo tempo para fazer”. Você também é capaz. Concentre no principal, elimine o desperdício de tempo e seja mais realizado.
2. O bom é o inimigo do ótimo, e do sucesso
Flavio sempre quis fazer a diferença e lutar contra a miséria que era jogada em sua cara diariamente, numa cidade desigual como o Rio de Janeiro. Distribuiu quentinhas, coletou agasalhos, subiu favelas para tentar ensinar a criançada a ler, e só anos mais tarde percebeu que a luta, sim, era sua melhor arma. “O que eu fazia era pequeno, não transformava a vida de ninguém”, disse ao repórter Pedro Só, da “Trip”. “Me encontrei quando entendi que o judô poderia ser usado como instrumento de inclusão social”, Canto costuma repetir. Não perca tempo com o que você faz apenas bem. Concentre-se no que você é ótimo, e você vai fazer a diferença.
3. Que tal uma mudança de perspectiva?
Canto nasceu em Oxford, na Inglaterra, e sua mudança para o Rio contribuiu decisivamente na forma como ele vê a vida hoje. Ele avalia: “A miséria no Brasil, que para muitos era natural, sempre me chocou”. Se você anda desanimado ou estagnado, um dos motivos pode ser que você esteja vendo as coisas de uma mesma perspectiva há muito tempo. Faça uma viagem, compita contra caras diferentes, treine aspectos do seu Jiu-Jitsu para os quais você torce o nariz. Uma mudança de ponto de vista é sempre saudável, e por vezes pode revolucionar uma vida.
4. Repita a técnica até ficar perfeita
Flavio aponta como seu pior defeito a obsessão. “Se uma posição não está ajustada, eu sou capaz de varar a noite treinando até eu ficar satisfeito”. Seja cheio de defeitos como Flavio Canto. Quem sabe seu jogo fica a cada dia mais parecido com o dele, como o vídeo a seguir demonstra.
5. Uma derrota no Jiu-Jitsu é uma oportunidade
“Em 2000, quando perdi a seletiva para as Olimpíadas de Sydney, percebi que meu mundo não ia acabar”, ensina Canto. “Vi ali que eu podia usar o tempo extra para realizar um projeto maior. Foi aí que montei o Reação”. Hoje o Instituto dirigido por Flavio chega a quatro comunidades populares no Rio, Rocinha, Tubiacanga, Pequena Cruzada e Cidade de Deus. Segundo amigos próximos, Flavio sabe o nome de todos os alunos.
6. Flavio Canto não nasceu perfeito
O Reação nasceu quando o judoca foi convidado pela Universidade Gama Filho a dar aulas na Rocinha, num projeto chamado Educação Criança Futuro. “Foi quando eu percebi a força que o esporte tinha, com o feedback dos pais”, recorda Flavio. “Os mais agressivos e mais levados ficavam mais equilibrados – um pouco como aconteceu comigo mesmo. Eu não era fácil, tive uma fase de moleque brigão. E apanhei muito também”. A lição é que é nunca é tarde para mudar maus hábitos. Afaste o que te faz mal, e dedique-se ao que te faz crescer como pessoa, praticante de Jiu-Jitsu e profissional.
7. Descubra o prazer de transformar alguém
O prazer de Flavio Canto em ensinar não vem apenas de descobrir joias como a vice-campeã mundial Rafaela Silva, 19 anos, vinda da Cidade de Deus e lapidada pelo professor Geraldo Bernardes. Rafa, apontada como futura campeã olímpica pelos especialistas, é apenas mais uma aluna com quem Flavio aprende diariamente. “Eu aprendo com eles muito mais do que ensino. Eles me fazem ser um cara menos egoísta, mais humano, basicamente uma pessoa melhor”, disse Flavio certa vez, à revista “TPM”. E conclui, ensinando o que o move hoje: “A cada vida que vemos transformada fica a sensação de que estamos fazendo pouco, de que poderiam ser muito mais vidas transformadas. É uma sensação parecida com a ‘A lista de Schindler’. Por isso a gente se cobra mais e mais.”