“Eu respeito o nome Gracie e respeito o Roger, ele é um cara gente boa, a gente já deu um aperto de mão antes. Mas se minha mãe assinar para lutar comigo, eu luto com ela. Isso para mim é apenas business”.
Assim o veterano tão respeitado quanto controverso Kevin Randleman, 38 anos, que estará em ação neste fim de semana contra Roger, começa a entrevista ao GRACIEMAG.com. O que não virá depois? Confira:
Por onde andava Kevin Randleman antes deste Strikeforce?
Eu tive que tirar um tempo off devido a lesões graves. Fiquei um ano e meio me recuperando, por isso não tenho lutado muito. Nas minhas últimas duas lutas, meu médico pediu para que eu não fosse, e na verdade eu não estava nem pronto para lutar, mas eu gosto de subir ao ringue e fui.
Cabeça de lutador é assim, a gente sempre acha que pode fazer alguma coisa, mas eu não estava numa forma boa. Agora eu digo, honestamente, que eu estou na minha melhor forma para essa luta contra o Roger. Eu nunca estive na forma física que estou hoje, nem quando fui campeão do UFC nem na época que eu lutava no Pride. Eu era doido nessa época, e treinava com um monte de loucos, a gente não treinava pra valer.
Lembro que estava lutando no Brasil e venci um cara. A avó dele ficou tão brava que jogou um treco na minha cabeça. Foi uma experiência incrível!” Kevin Randleman
E hoje?
Hoje eu treino meu Jiu-Jitsu, meu muay thai, meu wrestling, estou sempre trabalhando alguma coisa. Estou muito orgulhoso, acho que depois dessa luta vou conquistar muitos fãs, porque vai ser um show. E, de novo, agradeço Roger Gracie por estar me dando essa oportunidade de lutar com ele, afina comecei minha carreira no Brasil, eu conheço o Brasil. Esse país tem algumas das pessoas mais fortes no mundo, homens e mulheres, porque elas têm fome de luta. Assim como eu, que nasci numa família grande e sem muito dinheiro, então eu tinha essa fome de querer mais.
Semana passada rolou um boato de que você estaria com uma nova infecção, problema que o afligiu em 2006. O que realmente aconteceu?
A infecção foi forte, e pegou até no meu olho, mas agora estou bem, graças a Deus, sem nenhuma chance de meus sparrings e adversários se contagiarem mais. Mas isso não me impediu de me exercitar, por isso estou tranquilo, meu cardio continua ótimo. Não foi como se eu tivesse quebrado um braço, que me obrigaria a cancelar a luta mesmo.
Lembro que no ano de 2000 eu lutei praticamente o ano todo cheio de contusões, no joelho, ombro, cotovelos. E nunca operava nada, a organização me dizia que não ligava se eu perdesse, só queriam me ver lutando, pois os fãs queriam me ver.
Mas essas cirurgias todas que fiquei devendo um dia cobraram a conta, foi o que ocorreu naquela vez. E quando eu fiquei doente eu fique MUITO doente, mais de uma semana, tive de operar e tudo. Eu tive aquela infecção pela bactéria Staphylococcus no rosto, nas costas, nas pernas, e perdi muito peso. Caí de 96kg para 87, isso sim foi pesado.
Como você vê o MMA profissional de hoje em dia?
Acho um saco. Eu continuo a lutar como um pitbull, é meu jeito, e as pessoas hoje não gostam disso aqui nos EUA. Ei! Eu estou me preparando para lutar com alguém, eu não tenho de ser legal com você, me esquece! Eu quero é lutar, e contra os melhores sempre, e não ser legal com ninguém. Hoje a imprensa americana fica me ligando, eu respondo: “Eu te conheço? Nunca apertei sua mão, não te conheço, está me ligando pra quê?”. Por isso gosto mais do esporte dos tempos da família Gracie, mais do que hoje com mil companhias e organizações me perturbando e fazendo dinheiro para elas mesmas.
O que você lembra de suas lutas no Brasil, em 1996 e 1997, nos tempos dos torneios e do vale-tudo sem luvas?
Foi lindo lutar no Brasil. Uma vez eu estava andando para o ringue para lutar contra um brasileiro, e a avó dele estava ali por perto, assistindo ao evento. Quando eu venci o cara, a vó ficou tão puta que tacou um treco na minha cabeça. Foi uma experiência incrível! Mas era o puro MMA, um MMA em que os fãs entendiam e respeitavam o jogo, e os atletas. E os jurados entendiam do assunto.