UFC 162, Chris Weidman e o gênio Anderson Silva

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Anderson coloca as mãos na cintura para Weidman, atual campeão do UFC. Foto: Josh Hedges, Zuffa LLC via Getty Images

Foram duas esquivas finais. E dois socos seguidos de canhota. No primeiro soco, venceu a esquiva; no segundo, venceu o punho. Lona. Após sete anos e seis dias, Anderson Silva finalmente perdeu a invencibilidade no UFC, a 1min18s do segundo round do evento principal do UFC 162, em Las Vegas.

O braço do novo campeão dos médios, Chris Weidman, nem havia sido levantado, e as redes sociais já bombavam com teorizações sobre o combate. As duas correntes críticas principais eram 1) a conspiratória (“armação!”) – esta me recuso a discutir; e 2) “Se Anderson não tivesse brincado, nocauteava Weidman facilmente”.

Eu lembro de um companheiro de treinos no Jiu-Jitsu que era de uma habilidade incrível, mas em campeonatos batia na trave. Perdia geralmente na decisão da categoria. Mas a expectativa em cima dele era sempre grande.

Ele treinava como todos seus companheiros competidores, mas, na semana do campeonato, começava a sair à noite. Assim mesmo, ia bem, mas não conseguia o primeiro lugar. Todos analisavam: “Caramba, imagina SE ele fosse mais dedicado, não saísse para a noitada, ao menos perto das competições.”

Apesar de o SE não fazer o menor sentido, todo mundo caía na falácia, inclusive ele próprio. De fato, o que ele estava fazendo ao sair à noite, dormir mal e beber era construir uma desculpa para a derrota.

Corte para a noite de 6 de julho na arena do MGM em Vegas.

Weidman começa na pressão, coloca para baixo e domina os primeiros minutos do combate. Anderson é um craque, e, mesmo na desvantagem, minimiza os avanços de Weidman, que, concentrado, procura as brechas, bate, se coloca, e, em determinado momento, tenta uma série de ataques na perna e no pé do campeão, que acabam lhe custando a posição “por cima”.

A luta volta em pé, e Anderson começa a brincar, gesticular, falar, esquivar, dançar, enfim, a tentar desestabilizar o adversário – e a construir uma desculpa.

Se Weidman estava sofrendo ou não com o ataque mental, jamais saberemos. Fato é que ele, focado, continuou a ir para cima, e Anderson não parou de brincar mesmo após o intervalo.

Weidman então conseguiu o nocaute. Mas aos olhos das redes sociais, e especialistas de plantão, não levou totalmente o mérito. Afinal de contas, Anderson construiu a desculpa magistralmente:

Seria Anderson Silva derrotado SE tivesse lutado a sério?

Não existe uma realidade alternativa. Ao menos não além da filosofia de bar ou das histórias em quadrinhos.

O próprio Anderson fez questão, no discurso pós-luta, de enaltecer o novo dono do cinturão. Weidman é um atleta de ponta, de apenas 29 anos, que não é luta fácil para ninguém, nem mesmo para o maior campeão da história do UFC.

Com ou sem brincadeiras.

Palmas para o gênio de Anderson Silva, que conseguiu se transformar, aos olhos de muitos, no protagonista. Mesmo na noite de Chris Weidman.


UFC 162
MGM Arena, Las Vegas, EUA
6 de julho de 2013

Chris Weidman nocauteou Anderson Silva a 1min18s do R2
Frankie Edgar venceu Charles Do Bronx na decisão unânime dos jurados
Tim Keneddy venceu Roger Gracie na decisão unânime dos jurados
Mark Muñoz venceu Tim Boetsch na decisão unânime dos jurados
Cub Swanson venceu Dennis Siver por nocaute técnico aos 2min24s do R3

Card Preliminar

Andrew Craig venceu Chris Leben na decisão dividida dos jurados
Norman Parke venceu Kazuki Tokudome na decisão unânime dos jurados
Gabriel Napão venceu Dave Herman por nocaute técnico aos 17s do R1
Edson Barboza venceu Rafaello Trator por nocaute técnico a 1min44s do R2
Brian Melancon nocauteou Seth Baczynski aos 4min59s do R1
Mike Pearce venceu David Mitchel por nocaute técnico aos 2m55s do R2

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