A madrugada deste sábado, 25 de abril, prometia, mas ninguém poderia adivinhar as surpresas que o absoluto do WPJJC 2015 reservava aos fãs. A maior delas veio no feminino, quando o árbitro ergueu a mão de Mackenzie Dern contra Gabi Garcia, na semifinal do absoluto, e o público em Abu Dhabi (e no mundo todo) precisou esfregar os olhos para conseguir crer no feito da atleta da Gracie Humaitá. Gabi se mantinha invicta no Jiu-Jitsu desde 2009, quando ainda era faixa-marrom.
Aplaudida de pé nos Emirados Árabes pela surpreendente vitória, Mackenzie, cerca de 40kg mais leve que a rival, adotou uma eficiente tática de gato e rato (fazendo muito bem o papel do rato): tratou de usar a agilidade e a velocidade para sobreviver. O ritmo incessante de Mackenzie não objetivava fugir do confronto, e sim confundir a adversária. Foi o que a jovem peso-pena conseguiu. Logo no início, Gabi recebeu uma punição, quando procurava domar a guarda arisca da esposa de Tanquinho. Mesmo assim, parecia questão de tempo para o gato pegar o abusado rato.
Só que o cronômetro foi correndo, e Gabi não conseguiu se ajeitar para passar. Até que o tempo de seis minutos acabou. Junto com ele, uma invencibilidade histórica também se foi.
A final do feminino seria contra Vanessa Oliveira, que também surpreendeu no WPJJC de 2015: na semifinal do aberto, a faixa-preta do professor Julio Cesar na GFTeam raspou e eliminou Bia Mesquita. E ainda precisou eliminar Andresa Correa, nas quartas de final.
Para se tornar de fato a rainha dos Emirados em 2015, faltava o último degrau para Mackenzie. E ela não se desconcentrou, mesmo após um intervalo de quase três horas para a decisão do ouro: raspou, pegou as costas com estilo e venceu Vanessa por 6 a 0.
“Provei que nada é impossível”, Mackenzie disse, extasiada.
“Eu não sou invencível, como ninguém é invencível. A minha punição foi dada por eu me dirigir ao juiz pedindo dois pontos da queda no início, mas seja como for não me deram algumas vantagens que tenho certeza de que conquistei. Emborquei ela três vezes, abracei a cabeça dela duas vezes…”, resignou-se uma triste porém tranquila Gabi. O tira-teima? No Mundial no fim de maio, em Long Beach!
Buchecha vence Alex Trans e Lo
Rodolfo Vieira não se livrou do incômodo na lombar e acabou indo a Abu Dhabi somente para assistir às boas lutas do masculino. No entanto, se não teve Rodolfo, o público vibrou com Leandro Lo, Keenan Cornelius, Felipe Preguiça e Alex Trans, além dele, Marcus Vinicius “Buchecha”, o grande campeão absoluto de 2013 e 2014.
Para repetir o feito, Buchecha estrangulou Herico Hesley na primeira luta, arrochou o pé de Erberth Santos, passou por seu professor Rodrigo Cavaca por W.O. e eliminou Leandro Lo, em luta eletrizante em que saiu atrás no placar, por uma raspagem. Sem jamais desistir, sua marca registrada, o astro maior da Checkmat raspou de volta imediatamente e pressionou a guarda de Lo até o árbitro conceder a vantagem, no momento em que Buchecha tratou de embocar o exímio guardeiro de Cícero Costha. O placar dizia 2 a 2, com a vantagem decisiva para o ágil e técnico peso pesadíssimo.
Na final, Trans veio com tudo para raspar, ele que já eliminara Jackson Sousa na chave de pé e Keenan Cornelius por 2 a 0, graças a uma raspagem inteligente. Mas Buchecha mostrou uma base sólida e uma pressão infindável, para vencer por 2 vantagens de diferença e ficar com o terceiro ouro absoluto consecutivo. Buchecha e Trans haviam feito, na quinta, a final acima de 95kg, e o aluno de Cavaca mais uma vez foi superior, por 2 a 0.
Nas disputas do bronze, no masculino Leandro Lo venceu Keenan por 4 a 2, numa batalha de raspagens, enquanto no feminino Gabi Garcia passou a guarda de Bia Mesquita para vencer por 3 a 0.