Abu Dhabi, Emirados Árabes, 9h47 da noite de sábado. Apenas algumas horas após terem se cruzado na final do absoluto sem kimono do World Pro, Rodolfo Vieira e Rafael Mendes estão novamente lado a lado nos tatames, uniformizados com shorts e camisas de lycra de seus patrocinadores e prontos para treinar.
Não, eles não foram tirar as diferenças do zero-a-zero truncado que definiu Rodolfo como principal campeão mais cedo. Eram convidados de sua alteza, o xeque Tahnoon Bin Zayed e aguardavam a chegada do anfitrião, que veio direto da musculação, comigo e com Renzo Gracie a tiracolo.
Os dois estavam sorridentes, animados, e não treinaram entre si. Rodolfo preferiu convidar este escriba, que desembarcara na capital dos Emirados com Renzo a tempo apenas de largar as malas no hotel, e ir encontrar as duas estrelas do World Pro ali nos reservados tatames brancos da vila de Tahnoon.
Com apenas 21 anos, e seus 95 quilos sólidos, Rodolfo me aliviou por uns 15 ou 20 minutos, enquanto o anfitrião Tahnoon praticou com Rafael e depois com Renzo. Tahnoon e Rodolfo treinaram a seguir, e o campeão se impressionou com o xeque:
“Ainda bem que ele não tava no absoluto hoje”, disse Vieira, metade brincando, metade a sério.
Estudou-se Jiu-Jitsu por mais uma hora, Tahnoon puxando a pauta de triângulos invertidos e triângulos de mão (anaconda), além de chaves de pé e variados estrangulamentos “noiva de copacabana”, tudo intercalado com muita defesa de guarda.
Até que o xeque pediu gentilmente aos convidados para treinarem com os seus alunos locais, antes de encerrar a sessão e se despedir. A noite ainda guardou espaço para o tradicional jogo de paddle tennis, e um jantar regado às chamadas “superfoods”, alimentos que dão energia extra, tudo ao ar livre, na refrescante noite do deserto.
Agora já é madrugada em Abu Dhabi, e os atletas já estão de volta ao hotel. Mas ficarão com a lembrança da noite em que ganhar um campeonato não encerrou o aprendizado de Jiu-Jitsu.