O leitor do GRACIEMAG.com sabe das coisas. A primeira vez que escutamos elogios ao peso leve Leandro Lo Pereira do Nascimento, aluno de Cicero Costha, foi em nosso mural de comentários. “Nunca vi ninguém passar a guarda do Leandrinho em campeonatos!”, disparou um internauta.
O comentário foi feito após Leandro perder o ouro absoluto do Campeonato Paulista para o peso pesadíssimo Gabriel Vella. “Não consegui fazer ponto no moleque”, elogiou o faixa-preta de Ryan Gracie. “Ganhei umas vantagens por chegar do lado, mas a guarda dele é boa mesmo. Ele veio para ficar no peso leve”, elogia Vella.
Pelo visto, veio mesmo. Após duas vitórias sobre o bicampeão mundial Michael Langhi, em Abu Dhabi e na final do último Brasileiro de Jiu-Jitsu, domingo, Lo é um dos atletas da elite do peso leve.
Mas qual o segredo desse sucesso meteórico, se Leandro nem figurou no pódio no Pan 2011? Seu mestre, Cicero Costha, analisa, para o GRACIEMAG.com.
“Posso falar? Nem eu achei que ele chegaria entre os três melhores do peso tão rápido. Claro que ele é ótimo lutador, se mata nos treinos e é dono de uma guardinha chata, mas eu vi pelo Pan. Ele não passou da segunda luta, então achamos que ainda ia demorar mais um pouco para ele aparecer”, conta Cicero, um professor paulista que toca o Projeto Social Lutando pelo Bem (PSLB) com mais de 400 jovens treinando.
“Foi quando conversamos, e percebi que o Lo, com seu jeito solto e descontraído, levava esse estilo de forma perigosa demais para dentro do tatame. Pedi então a ele que depois do Pan não testasse tanto o seu Jiu-Jitsu, que já sabemos que é bom, e lutasse de forma mais estratégica, com o jogo mais trancado”, revela Cicero – ele mesmo um colecionador de medalhas entre os anos de 2004 e 2006, tendo parado no peso pena contra lutadores como Frédson Alves, Mário Reis, Bruno Frazatto e Rubens Cobrinha.
Leandrinho topou, segurou-se mais e a surpresa aconteceu: campeão em Abu Dhabi, vencendo Celsinho Venícius, e o título brasileiro, na vitória por uma vantagem sobre Langhi. De tão ousado, Leandro gosta de um absoluto – no Tijuca parou diante do bicampeão mundial Marcio Pé de Pano.
“O Pé raspou e começou a amassar, até pegar o braço do Lo, que bateu para não machucar para o domingo”, lembra Cicero.
Na segunda-feira após o ouro brasileiro, Leandrinho não quis saber de festa, mesmo tendo feito 22 anos na semana passada. Foi treinar duro, e na volta recebeu o presente: o visto para lutar nos EUA, no Mundial 2011. Também alunos de Cicero na academia paulista, os endiabrados irmãos Paulo e João Miyao também carimbaram seus passaportes para Long Beach.