Artigo: O charme inigualável do Europeu de Jiu-Jitsu

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Fellipe Andrew no pódio do absoluto faixa-preta. Foto: Reprodução

Por: Carlos Eduardo Ozório

A competição mais charmosa do Jiu-Jitsu. Além de ser um dos maiores eventos do calendário, pode-se dizer que o Campeonato Europeu da IBJJF merece este título. Não apenas por Portugal ser acolhedor e receber de braços abertos a legião de guerreiros que atracou de todas as partes do globo.

Claro, o país que sediou as 17 edições do evento tem um papel importante neste charme. Mas a grande tônica no Complexo Esportivo Casal Vistoso, em Lisboa, é a pluralidade cultural latente, os costumes e idiomas mais diversos que se misturam nas áreas de luta e resultam numa língua que todos ali entendem: o Jiu-Jitsu.

Outro detalhe é o clima cordial, que não diminui em nada o espírito competitivo. O Europeu também é um ponto de encontro de amigos que a arte suave constrói, ele supera a rivalidade entre equipes e lutadores. Atletas, professores, árbitros, jornalistas… Enfim, pessoas de todos os cantos do Brasil, EUA, Ásia e dos diversos países que formam a União Europeia se afunilam neste epicentro, possibilitando encontros que só serão possíveis graças à competição. Não são difíceis presenciar abraços de irmãos que a luta fez, confraternização que, mesmo para os mais assíduos no circuito mundial de torneios, só ocorre ali.

E toda essa pluralidade também é visível nos pódios, inclusive na faixa-preta adulto, principal categoria do evento. Brasileiros, americanos, poloneses, japoneses, portugueses, noruegueses, finlandeses, marroquinos, belgas, ingleses, alemães e franceses ocuparam lugares nas primeiras posições. O Jiu-Jitsu em alto rendimento é a cada dia mais global, ficou evidente no Europeu.

Carlos Eduardo “Cobrinha” foi nosso enviado especial no campo de batalha. Foto: Arquivo Pessoal

Nos bastidores, veteranos consagrados como Bráulio Estima, Michael Langhi, Robert Drysdale, Guilherme Mendes, Caio Terra e Lúcio Lagarto eram alguns dos que abrilhantavam a competição, da mesma forma que, dentro das áreas de luta, nas categorias master, Vitor Shaolin, Cicero Costha, Wellington Megaton e o faixa-coral Júlio Cesar Pereira traziam peso entre os mais experientes, além de aumentar o já comentado charme de estar no Europeu, seja como mero observador ou como combatente.

Se alguns sentiram falta de alguns dos grandes nomes do Jiu-Jitsu, podemos dizer que também foi uma competição de atletas em ascensão. Fellipe Andrew foi o grande nome do absoluto e poderia ter voltado para casa com o ouro no super-pesado, mas nesta acabou superado por Patrick Gaudio. Mesmo assim, terminou o Europeu como líder do ranking da IBJJF. Já Keenan Cornelius conseguiu o ouro na categoria pesado, mas acabou finalizado por Andrew na final da divisão aberta, uma chave de braço de dentro do triângulo, e não houve no masculino o duplo ouro. Já entre as meninas, a inglesa Ffion Davies sobrou e ficou no alto do pódio entre os leves e no absoluto, se garantindo, assim, como a principal no feminino.

Foi o Europeu em que o valente Michael Musumeci surpreendeu entre os pesadões do absoluto, além do ouro no pluma; e que o consagrado dez vezes campeão mundial Bruno Malfacine saiu sem quaisquer medalhas, parado pelo jovem Thalison Soares em sua primeira luta no torneio de 2020, nas quartas-de-final.

Muitas histórias, novos paradigmas, atletas em ascensão, encontros inusitados, grandes lutadores de todos os tempos, revezes improváveis, um grande palco… Componentes de sobra num Europeu grandioso e, claro, sempre charmoso.

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