Minotauro, de anônimo a monstro sagrado no Brasil

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Rodrigo Nogueira, o Minotauro, investe contra Schaub. Foto: Divulgação UFC.

 

Anos atrás, ali por 2003, Rodrigo Minotauro veio acompanhar Zé Mário Sperry numa viagem ao Rio Grande do Sul, e aproveitou para reencontrar alguns amigos. Minota sempre teve uma boa relação com os gaúchos, então esta parceria com o Internacional de Porto Alegre não me estranha, apesar de eu por mim preferir que ele usasse as cores do Grêmio.

Lembro que naquela época o mais usual era acomodar um cara como Minotauro, seu irmão e o resto da trupe da BTT em nossas casas. Para quem é do Jiu Jitsu, é uma honra. Receber nossos ídolos era o máximo. Porém, esta idolatria era só nossa, do pessoal que treinava.

Rodrigo e seu irmão, que já faziam o nome no Japão e no Pride, passavam despercebidos no Brasil. Num certo domingo, fomos até um bar na cidade de São Leopoldo. Haveria um pequeno show no lugar. Como os seguranças eram lutadores de Jiu-Jitsu conseguimos entrar rápido, sem enfrentarmos a longa fila. Já lá dentro, o grupo chamava atenção apenas pelo tamanho de seus integrantes – ninguém olhava para Rodrigo Nogueira.

Como o pessoal da banda também era adepto da arte suave, não me furtei em levar os irmãos Nogueira até o camarim. Os músicos ficaram amarradões, e já no palco, logo após a primeira musica, fizeram questão de apresentar Minotauro ao público presente. Minota foi aplaudido, mas ficou notório que a maioria das pessoas não tinha idéia do quanto a figura era representativa para milhares de fãs de MMA no mundo. Alguém perto de mim questionou: “Mas ele é tão famoso assim?”.

Passaram uns oito anos desde aquele domingo. Estou, hoje, em São Leopoldo, de férias na cidade onde passei a maior parte da vida. E daqui, tenho a grata constatação de que as coisas mudaram, e para melhor. Em todos os cantos, ouvi comentários sobre o UFC Rio e a atuação de Minotauro. O MMA simplesmente é a nova paixão nacional. Desde a morte de Ayrton Senna na F-1 eu não via um esporte unir tanto o país assim, chegando próximo do sentimento em relação aos jogos da seleção de futebol. O MMA conseguiu isso. Minotauro, Anderson, Shogun e todos outros brasileiros viraram ídolos nacionais, os novos heróis da nação, como Anderson Silva previra na coletiva. Os milhares de fãs são agora milhões.

Da moça da padaria ao funcionário do cinema, do taxista ao pai com o filho na pracinha. Absolutamente todos querem comentar as vitórias dos nossos lutadores. Como no futebol, logo teremos 190 milhões de técnicos. Até minha cunhada, dentista, analisou no Facebook o nível técnico dos lutadores! O sucesso traz a cobrança do público embutida, e é bom demais. A propósito: todos os bares da cidade exibiram ao vivo, em telões, o UFC Rio. Minotauro foi ovacionado, só que desta vez todos sabiam de quem se tratava. A coisa mudou para sempre.

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