Com transmissão ao vivo pela TV, as cenas na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, impressionaram o mundo nessa quinta-feira. Centenas de traficantes fortemente armados fugiam, enquanto a polícia usava até equipamentos dos Fuzileiros Navais para ocupar a comunidade carente. E quem mais sofre com isso? Claro, o cidadão comum, entre eles alguns praticantes de luta.
Na comunidade, o professor Relma comanda um projeto social que leva a arte marcial a quem, talvez, jamais tivesse oportunidade no esporte. O principal intuito é afastar os jovens das drogas, mas, além disso, Relma consegue lançar atletas que se destacam no MMA brasileiro, entre eles os primos André Chatuba e Igor Chatubinha.
“Foi barra pesada. Estávamos voltando do treino eu, o Chatuba e o Chatubinha, quando tudo começou. Eles ficaram na minha casa, porque não dava para sair. Foi tiro para todo o lado, aqueles tanques de guerra entrando, e ninguém podia ir para a rua. Tínhamos que ficar em casa e aguardar”, conta.
O treinador e aluno, Igor, hoje estão em um ambiente bem diferente. Pegaram um vôo na manhã desta sexta para Belo Horizonte, onde Chatubinha enfrenta Marcelo Uirapuru no Brasil Fight 3.
“Hoje pela manhã, quando saímos de lá, o clima ainda estava bem pesado. Carros da polícia trafegavam pelas ruas e os moradores ainda estão com medo de novos confrontos”, diz, agora num confortável quarto de hotel.
Sobre o futuro, o treinador espera por dias melhores.
“Olha, estou aqui em Minas e não sei como está tudo por lá agora. Ia fazer um evento de lutas lá, na próxima semana, mas acho que não vai ser possível. O que espero é que a comunidade fique em paz. Quem sabe não consiga agora até mais apoio para o meu projeto. Penso nisso não para mim, mas para os meus alunos”, encerra.