Em idos de 2015, o fotógrafo e empresário Clever Barbosa andava afastado do Jiu-Jitsu por alguns anos. A razão era mais do que manjada: alguns machucados, falta de tempo, carcaça enferrujada etc.
A convite de seus velhos instrutores e amigos de longa data, o faixa-roxa então decidiu aparecer na academia de Luiz Carlos “Manimal”, em Copacabana, para fotografar a cerimônia de encerramento do ano, realizada perto do Natal. Acabou vestindo o kimono e voltou de lá energizado, pronto para retomar seu contato com a arte suave.
A chama se reacendeu, principalmente, graças à energia passada por grande mestre Robson Gracie, patriarca da família, que prestigiou o evento de Manimal e deixou diversas lições — de vida e Jiu-Jitsu, em especial quando relembrou uma lição aprendida com seu pai, grande mestre Carlos Gracie.
Mestre Robson abriu seu discurso lembrando impagáveis histórias medievais do rei Arthur e sua turma, os cavaleiros da távola redonda, que sempre o impressionaram quando era garoto.
“Hoje, meus amigos, após anos de lutas diárias” exaltou mestre Robson, “eu garanto a vocês que qualquer um aqui poderia sentar naquela mesa redonda, e conversar de igual para igual com os guerreiros do rei Arthur”.
A melhor lição, contudo, veio com o episódio em que o pai, Carlos Gracie estava no córner de uma luta de vale-tudo, com seu aluno Claudir contra a pedreira conhecida pelo apelido de Carbono. Lá pelas tantas, como recordou Robson, seu aluno chegou esbaforido ao canto do ringue, doido para desistir:
“Professor Carlos, não aguento mais. Não dá, fiquei tão zonzo que estou vendo dois adversários na minha frente!”
Carlos olhou para o pupilo, e serenamente deu o conselho que segue valendo para todos nós, quando um problema parecer grande demais, quando um obstáculo cercar você, crescer e duplicar bem na sua frente. Segundo Robson, grande mestre Carlos disse apenas:
“Meu filho, dá porrada nos dois.”
Se os seus problemas vierem em dobro, fiel leitor, siga a lição dos Gracie, e não desista jamais. “Dê porrada nos dois”, como ensinaram os mestres. Oss!