A saga de Sabbá, faixa-preta das praias e da diversão

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Sabbá vibra no Arpoador com Rico de Souza e sua turma, após campeonato de remada em Ipanema. Foto: Divulgação

 

Como surge uma lenda do surfe, dublê de ator de novelas e um mestre na arte de fazer amigos?

As origens do apresentador Daniel Sabbá, faixa-preta de Ralph Gracie, rendem um filme, ou vários. Que poderiam ter suas filmagens realizadas no Marrocos, na Amazônia, em Arraial do Cabo ou no Arpoador.

Presente em novelas como “Pecado capital” e “Paraíso tropical”, Sabbá faleceu no Rio aos 70 anos, cercado de amigos no hospital. Em 2011, o surfista havia sofrido um acidente de moto em São Conrado. Ele pilotava na avenida Niemeyer, na zona sul da cidade, quando colidiu com um carro e ficou preso nas ferragens.

Desde então, ele estava com movimentos paralisados, e tratava um câncer.

O jornalista de surfe Gabriel Pierin, colunista de “A Tribuna”, destrinchou com maestria as origens dos Sabbá. Confira os melhores momentos do artigo, a seguir, que remonta as raízes da família desde o início do século XX:

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Isaac Benayon Sabbá, o terceiro dos sete filhos do casal de marroquinos Primo e Fortunata Sabbá, nasceu em Belém do Pará, em 1907.

Aos 15 anos, acompanhou os pais na mudança para Manaus, no Amazonas. O paraense ascendeu profissionalmente. Construiu o maior império empresarial do Amazonas a partir da produção e exportação da borracha. Sensível às carências de energia para o desenvolvimento da região, Isaac fundou, em plena selva amazônica, a Companhia de Petróleo do Amazonas (Copam), inaugura em 1957 pelo presidente JK. A Copam, símbolo de uma época, foi nacionalizada posteriormente.

Samuel Benayon Sabbá, irmão e um dos seus sócios nos negócios, casou-se com Yecthel Dutra e escolheu o Rio de Janeiro para viver e empreender.

O patriarca tinha seis carros e cada um dos quatro filhos, um motorista. Os vizinhos no edifício Murça, entre Botafogo e Flamengo, eram poderosos. Entre eles, Joãozinho Príncipe, da família Orleans e Jandira Vargas, irmã do presidente Getúlio.

Entre seus filhos, estava Daniel Dutra Sabbá, nascido em 23 de fevereiro de 1955. Ainda pequeno, Daniel já vestia a roupa de borracha, munia-se com arpão e máscara e atravessava a rua. Mergulhava e voltava para casa com um polvo, uma lagosta, ostras ou um badejo.

As peripécias de Sabbá envolviam noitadas em Nova York, surfe pelo mundo e até um opalão atolado na praia do Peró, em Cabo Frio. Foto: Fedoca Lima

Aos 13 anos, Sabbá e amigos mergulhavam nas cristalinas águas de Arraial do Cabo, no Costão do Focinho. Dormiam no barco. Sabbá vivia para o mergulho. Mas, quando descobriu o surfe, se apaixonou.

A descoberta veio com a mudança para Copacabana, na rua Djalma Urich. Sabbá começou pegando jacaré, no posto 5. Depois, aprendeu a surfar com uma pranchinha Planonda de isopor, e depois uma Procópio de madeirite. Aos 15, o surfe entrou de vez em sua vida.

No início, ele fazia um escambo: emprestava sua moto para o amigo Cesinha, na Urca, e em troca ficava com a prancha Hansen do amigo, biquilha. Tempos depois, comprou uma longboard, e se especializou nas ondas estouradas do Arpoador, reduto do surfe pioneiro carioca.

Sabbá se tornaria um ícone do esporte, como um dos primeiros a surfar no píer de Ipanema. Nos anos 1970, começou a treinar karatê, até que durante uma confusão dos diabos nas areias da praia, conheceu o campeão Rolls Gracie. Após ser derrubado facilmente e montado pelo professor de Jiu-Jitsu, ficaram amigos do peito. Sabbá se tornou o elo de ligação entre os surfistas e os lutadores da cidade.

Sabbá se especializou em televisão, rádio, edição e filmagem. Ele também foi um dos pioneiros na asa-delta no Rio, ao lado do amigo e campeão mundial Pepê. No início dos anos 2000, comandou o “Sabbá Show”, no canal CNT e na Band.

Promovia festas memoráveis e colecionou amigos, que se despediram com lágrimas e memórias alegres.

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