Os convidados foram pouco a pouco chegando. Eram cinco horas da tarde quando surgiram os primeiros lutadores para a despedida da academia Carlson Gracie, no número 414 da rua Figueiredo Magalhães, evento promovido pelo filho do grande mestre, Carlson Gracie Junior, num dia 25 de agosto cinza e chuvoso. Após 40 anos de bons serviços prestados, a escola cujo símbolo é um feroz e cativante buldogue vai fechar as portas em Copacabana.
Alessandro “Fandango” foi um dos primeiros faixas-pretas a entrar no marcante dojô azul de oito por oito metros. Cadeirante desde um acidente terrível na Linha Vermelha, Fandango não se intimidou com a falta de elevador e fez questão de subir os três andares e homenagear Carlson. Para chegar lá em cima, pediu a ajuda de três praticantes de Jiu-Jitsu. Quando um dos ajudantes começou a bufar no segundo lance de escada, Fandango ensinou calmamente: “Vamos lá, dosando a respiração… É a primeira lição que aprendemos no Jiu-Jitsu”.
Não foi uma despedida apenas para alunos de Carlson. Passaram por lá pelo menos 50 faixas-pretas de diversas escolas, casos da Alliance (como Fandango), Gracie Barra, Nova Geração, Brazilian Top Team, Gracie Humaitá e tantas outras. Havia japoneses, chilenos, americanos e uns canadenses da escola de Renzo Gracie, como o professor Pat Cooligan. Emissoras e veículos de todas as mídias compareceram, e Carlson Junior fez um rali de entrevistas, repetindo mais ou menos o que declarou a GRACIEMAG há uma semana. (Relembre aqui.)
Entre as clásssicas figuras presentes, Antonio Santos “Apaga Vela”, mestre Orlando Saraiva, Carlão Barreto, Ricardo Libório, Ricardo de la Riva, Reyson Gracie, Amaury Bitetti, Paulão Filho e muitos outros professores e lutadores revezavam-se tirando fotos e relembrando histórias.
“Na camisa que foi generosamente distribuída aos presentes estava escrito ‘Lendas não morrem’”, lembrou o faixa-preta Mauricio Carneiro, o DJ Saddam. “Esta meca do Jiu-Jitsu, que formou o maior exército de faixas-pretas da arte suave e seu fundador, jamais morrerão, pois onde existir um lutador de Jiu-Jitsu, sempre haverá uma semente Carlson Gracie.”
Houve o minuto de silêncio em homenagem a Carlson, e seu filho fez um bonito discurso de encerramento. Por fim, Juninho conclamou:
“Em 2016, serão dez anos do falecimento do meu pai. Ele brigou com alguns de seus alunos, mas isso hoje já faz parte do passado. Por isso convoco a todos para voltarem a lutar pela bandeira de Carlson Gracie, no Mundial de Masters do ano que vem em Las Vegas. Vamos lá vencer mais um grande campeonato, em sua homenagem, e provar que o time Carlson Gracie continua sendo o melhor”.
Aplausos gerais, para uma festa de despedida que pode só estar começando.