Professor Henrique Saraiva, nosso GMI em Dublin, na Irlanda, onde lidera a Carlson Gracie irlandesa, estava com as malas prontas para retornar ao Brasil, quando parou para ver José Aldo contra Conor McGregor. Quando aquele soco do irlandês encaixou, Henrique percebeu: era hora de fincar a bandeira no país europeu e tentar surfar o tsunami que o UFC traria.
Na entrevista exclusiva a seguir, o faixa-preta contou suas principais lições e dificuldades até construir um dojo de sucesso na terra de Bono Vox e de James Joyce.
GRACIEMAG: Ainda se lembra de sua primeira vez nos tatames?
HENRIQUE SARAIVA: Eu comecei na academia com 4 anos, e umas das primeiras recordações que tenho é a do meu primeiro campeonato, com 6 anos de idade. Meu pai me botou lá apenas para fazer uma apresentação de defesa pessoal antes de começar o evento, mas o curioso foi que meu pequeno adversário não quis lutar comigo. Tive de lutar contra um garoto bem maior que eu, mas acabei vencendo, e isso sempre marca a gente. A primeira vez que vencemos um cara maior.
Puro Jiu-Jitsu. E quando foi que você percebeu que gostaria de viver do e para o Jiu-Jitsu?
Dar aulas de Jiu-Jitsu sempre foi minha paixão, comecei cedo, ainda na faixa-azul, em 1999. Hoje consigo viver fazendo o que gosto aqui na Europa, e o mais importante: a cada professor por aqui, é alguém ajudando a desenvolver o Jiu-Jitsu pelo mundo. Então temos um ofício e também uma missão bacana.
Por que escolheu a Irlanda para ensinar?
Eu vim passar três meses aqui e vi muito potencial a desenvolver – desde a organização de competições, corpo de arbitragem e até na quantidade de academias, que era muito menor do que quando cheguei. Um dia antes da data da minha passagem para o Brasil, parei para ver pela TV o UFC 194, realizado em Vegas no dia 12 de dezembro de 2015 – Conor McGregor contra José Aldo. Quando o McGregor nocauteou, eu imaginei que a Irlanda automaticamente se tornara o país do momento na Europa. O MMA explodiu, e consequentemente o Jiu-Jitsu acompanharia. E assim decidi ficar por aqui.
E qual foi a maior dificuldade de implantar a academia nas terras de McGregor?
Acredito que a adaptação à língua e à cultura é sempre o mais difícil. Mas com o BJJ estourando aqui, eu sabia que era só uma questão de tempo para meu trabalho aparecer. Comecei a focar nas aulas para crianças aqui, pois poucas academias dão total atenção a isso. E é também o futuro do BJJ.
O Campeonato Europeu da IBJJF é um torneio muito grande e popular, hoje o maior do planeta em atletas talvez. Há alguma rivalidade curiosa e divertida entre nações?
Acredito que, até pela cultura do Jiu-Jitsu, as rivalidades ainda são maiores entre os times do que por países. Mas uma coisa bem interessante que percebi foi que os irlandeses todos se apoiam quando chega o Europeu, mesmo sendo de times diferentes, e aproveitam o evento da IBJJF para treinar juntos, semanas antes e mesmo durante o campeonato. Uma atitude bem legal e que mostra a camaradagem do Jiu-Jitsu pelo planeta.
Como anda o crescimento do BJJ na Irlanda?
Houve um crescimento rápido e agora o esporte está se organizando muito. Com a chegada dos abertos da IBJJF aqui no ano passado, os eventos deram um passo importante para a profissionalização – dos torneios, dos árbitros e também dos verdadeiros professores, que foram valorizados. Nos campeonatos fica mais evidente quem ensina a boa técnica. Tenho feito o que posso e tenho certeza de que estou fazendo parte da história do desenvolvimento do BJJ na Europa.
O sucesso do Conor foi então decisivo para a expansão da arte suave?
Sim, ajudou com toda essa explosão do MMA e consequentemente do BJJ. Mas a organização que a IBJJF está trazendo ao país é ainda mais valiosa, pois isso vai trazer um efeito muito maior em alguns anos.
Você é nosso leitor desde o jornalzinho, aqui no Rio de Janeiro. Alguma lição ou reportagem bacana que marcou você?
Minhas reportagens prediletas são as entrevistas com atletas e mestres, pois inspiram os leitores a dar seu melhor, e trazem lições de vida e superação. Os atletas inspiram pelo momento que estão vivendo e pelos desafios que passam, e os mestres pela história de vida e de dedicação à arte suave. Obrigado a GRACIEMAG, pela oportunidade de divulgar meu trabalho.
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