Astro da série “Velozes e furiosos”, Paul Walker morreu no dia 1 de dezembro, durante um assustador acidente de carro em Valencia, Califórnia, EUA. Paul era faixa-marrom quando faleceu.
Seu professor e amigo, Ricardo “Franjinha” Miller decidiu conceder ao ator a faixa-preta póstuma, numa homenagem bonita. E comentou a atitude, no site da escola de Jiu-Jitsu Paragon:
“Lembro que Paul entrou na minha academia e na minha vida em 2004. Era nossa academia antiga. Tínhamos um banheiro, nenhum chuveiro, e o espaço de tatame não era maior do que 65 metros quadrados. Eu não o reconheci quando ele chegou. Em parte, porque ele não se portava como estrela de cinema. Sem ego, mantinha o bom humor e tinha sempre o
sorriso engatilhado. Como a estrutura espartana da nossa escola, ele era simples e despretensioso. Nossa ligação foi além da dinâmica de aluno e professor. Tornamo-nos amigos depressa. Recentemente, Paul me levou a Montreal para acrescentar um toque pessoal às cenas de luta em seu filme ‘Brick Mansions’.
“Ele sempre queria mostrar o Jiu-Jitsu em seus filmes. Em lugar dos socos e chutes comuns em filmes de ação, ele queria usar seus filmes para divulgar o Jiu-Jitsu. Algumas das técnicas das nossas sessões de treino foram utilizadas na série ‘Velozes e Furiosos’. Paul dizia que ele não queria só ser conhecido pelos carros rápidos, queria ser
conhecido pelos carros e pelo Jiu-Jitsu. Ele queria ser um embaixador do Jiu-Jitsu. A sequência de ação dos seus sonhos era um estrangulamento arco e flecha. Ele até bolou um formato hollywoodiano para o golpe. Infelizmente, não houve tempo para usá-lo.
“Aos que criticam a homenagem, sinto na obrigação de lembrar que nosso Jiu-Jitsu não se resume a medalhas em torneios ou aplicação de golpes. Não é apenas estar ralando a bunda no tatame diariamente. É, sim, um comprometimento em relação à nossa arte, uma vontade de auxiliar quem necessita, uma vontade irresistível de estar sempre melhorando sua
alma até o dia de sua morte e, principalmente, evitar a estagnação nos becos e pecados que a vida botam no caminho.
“Na minha visão e no meu coração, Paul Walker é um faixa-preta in memorian da escola Paragon.
“Por fim, ainda lembro de uma das nossas primeiras conversas. Sentados de kimono no dojô, Paul, como qualquer faixa-branca, quis saber sobre como alguém se torna faixa-preta. Eu lhe disse que na Paragon nós não distribuímos faixas-pretas. Disse que não importava quem ele fosse, não receberia uma ‘faixa-preta de celebridade’. Ele adorou. Disse que
sabia que estava começando tarde, aos 31 anos, mas estava determinado a virar faixa-preta. E me disse: ‘Vou ganhar minha faixa-preta, nem que seja no caixão'”.