“Parem com esta brincadeira de luta! Vocês vão acabar brigando de verdade!” Que criança nunca escutou uma frase assim em casa?
O que poucos notam é que esse tipo de hábito aparentemente violento é um divertimento infantil que existe há séculos, provavelmente milênios. O fato de uma criança adorar brincar de medir forças contra um “inimigo”, numa luta, briga ou confronto seria então uma atividade normal ou um desvio de comportamento?
A pedido de nossos leitores, GRACIEMAG conversou sobre o tema com a pedagoga carioca Flávia Lino, que opinou: “A verdade é que esse tipo de brincadeira é mais do que normal: é fundamental para que a criança se desenvolva emocionalmente, de maneira saudável”, diz a especialista.
“É através dessa luta teatral que a criança enfrenta seus próprios medos e receios, e põe para fora toda angústia que possa estar sentindo. Por meio desse tipo de brincadeira, ela é capaz até mesmo de elaborar alguma possível situação violenta ou assustadora que tenha experimentado. A criança costuma fazer uso de uma forma lúdica para exorcizar todos os seus temores reais, e faz isso de maneira prazerosa, sem realmente usar a força ou violência física, pois sabe exatamente que aquilo é uma brincadeira entre amigos ou amigas. Seus movimentos são quase ensaiados, para não machucar seu ‘amigo-oponente’. Na realidade, seus principais inimigos são seus próprios medos, que acabam sendo ‘finalizados’, gradativamente, a cada agarrão, a cada brincadeira de luta”, conclui a professora.
Portanto, fiel leitor, começar na academia de Jiu-Jitsu na mais tenra infância, como se vê, não é apenas seguro. Pode ser extremamente benéfico e saudável para o corpo e mente de pequenos e pequenas. Procure uma escola de artes marciais qualificada, converse com um professor faixa-preta e bons treininhos.
* Artigo publicado originalmente nas páginas de GRACIEMAG #134, em 2008. Para aprender com mais artigos de nosso baú, assine nossa edição virtual e comece a ler hoje mesmo!