Team Brazil ready to embark to the 1995 Pan. Pictures: Rodrigo Clark’s archives
Há apenas alguns vídeos sobre isso no YouTube.
É quase impossível encontrar fotos do evento também.
Os resultados finais nem sequer são postados nas páginas da IBJJF ou da CBJJ.
Mesmo assim, aconteceu.
Em junho de 1995, o primeiro campeonato Pan Jiu-Jitsu aconteceu em Irvine, Califórnia.
Os atletas brasileiros voaram todos juntos do Rio para competir.
Entre eles, pessoas como Roberto “Gordo” Correa, Marcio Feitosa, Alexandre Soca, Rodrigo Clark, Marcelo Tetel, Rommel Cardozo, Leão Teixeira, Fernando Yamasaki, Vinicius Draculino e muitos outros.
Competitors and his medals after the tournament in California, in 1995.
O fundador da GRACIEMAG, Luca Atalla, então um competidor de 21 anos, também estava lá e conseguiu uma medalha de prata e relatou o evento para o “Jornal Gracie”, o embrião da GRACIEMAG.
“Fiz cinco lutas no peso leve faixa-azul e fiquei com a prata”, relembra Luca.
Hoje mestre, José Henrique Leão Teixeira atuou como árbitro no primeiro Pan. Ele conta um pouco sobre a aventura de organizar um campeonato nos anos 1990:
Leão Teixeira refereeing during first BJJ Pan-Ams, in 1995
“Foi um grande teste para nós. O Carlos Gracie Jr (Presidente da CBJJ) tinha um plano de fazer um campeonato fora do Brasil, pois sentia que o Jiu-Jitsu precisava crescer e isso só aconteceria com um torneio nos Estados Unidos. A ideia era fazer uma grande disputa Brasil x EUA, estilo Brasileiro de Equipes. O primeiro desafio foi conseguir vistos para todos os atletas, mais de 40. Conseguimos uma reunião com o Cônsul Americano no Rio, o Sr. Olsen, se não me engano. Viajamos com um grupo enorme, muitos deles em sua primeira viagem internacional. Fomos recebidos pelo Joe Moreira em Irvine e o clima no hotel era de completa euforia. Todos queriam competir tanto que o gerente do hotel reservou uma sala separada para os caras treinarem. Foi muito bom ver caras de todos os times rolando juntos. O dia do evento começou com o hino brasileiro tocando e todos os atletas se formando no tatame. Lembro de uma grande luta entre o aluno do Joe Moreira, Bob Bass, e o Marcio Feitosa, na faixa-marrom.”
“Foi uma batalha e o Marcinho foi derrotado pela primeira vez desde que era faixa amarela”, lembra Leão Teixeira. “No final, foi um evento que muitos não acreditavam que conseguiríamos organizar. Fizemos tudo, desde a montagem dos tatames até a arbitragem. Quando voltamos para o Brasil, tivemos a sensação de estar contribuindo com o crescimento do esporte.”
As feras reunidas, após treino na escola de Joe Moreira.
Rodrigo Clark, fundador da GB Santa Barbara, não esquece o campeonato, do qual guardou memórias e fotografias hoje esmaecidas:
“O Pan 95 foi um divisor de águas na minha vida, dentro e fora dos tatames. Não foi só minha primeira competição fora do Brasil, mas também a primeira vez que competi como ‘adulto’. Eu tinha apenas 17 anos na época e só tinha competido como juvenil. Foi uma experiência incrível poder competir com os grandes nomes do esporte. A viagem para os EUA foi importante para o desenvolvimento do Jiu-Jitsu. Até então, havia uma barreira enorme dividindo as academias no Brasil. Depois daquele campeonato, começou a mudar. Durante a viagem, tivemos a chance de conhecer nossos maiores rivais, o que criou muito respeito entre nós. Lembro-me do momento do embarque para os EUA, quando mal nos conhecíamos e também do momento em que voltamos, quando novas amizades já estavam formadas. Tenho certeza de que todos que participaram daquela viagem têm muitas lembranças ótimas daqueles dias de glória, luta e diversão.”
O medalhista de ouro Alexandre “Soca” Carneiro, líder da Soca BJJ em Nova York, também estava naquele grupo que viajou do Rio para competir nos EUA. Ele conta o que lembra do primeiro Pan:
Rodrigo Clark e a turma do Jiu-Jitsu no aguardo do voo para a Califórnia. Foto: Arquivos GRACIEMAG/Clark
“Acredito que foi minha primeira viagem internacional para competir”, lembra Soca. “Fizemos uma prova no Rio para decidir quem iria e ganhei o direito de competir representando o Brasil. Infelizmente, quando chegamos à Califórnia, Fernando Yamasaki decidiu não competir na minha divisão e, em vez disso, lutar contra meu companheiro de equipe Vinicius Draculino no peso-pluma. Acabei com uma medalha sem lutar. O evento foi legal, mas não havia muitos competidores. O bom mesmo foi reunir um monte de amigos de várias gerações e academias. Gostaria de ter competido, mas ainda assim foi legal estar lá.”
Vinicius Magalhães, o Draculino, conta o que lembra da luta: “Foi um evento histórico e foi um prazer participar. Não tínhamos muitos faixas-pretas naquela época. Na minha categoria, a pluma-leve, só tinha eu, então lutei com o Fernando Yamasaki. Essa luta foi o divisor de águas em que decidi levar minha carreira no Jiu-Jitsu a sério. Eu sabia que com aquele campeonato o esporte tinha se lançado internacionalmente.”
Este ano, o Campeonato Pan-Jiu-Jitsu acontece em março, na Flórida.
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Sementes da evolução: no 1º Pan de Jiu-Jitsu nos EUA, em 1995, a equipe de organização contava com o médico José Alfredo Padilha, o preparador físico Alvaro Romano, Marcio Macarrão, o presidente Carlinhos Gracie e Leão Teixeira, todos na mais fina estampa. Foto: GRACIEMAG/Acervo Pessoal.