Brock Lesnar pendurou as luvas após perder no primeiro assalto. Fotos: UFC/Divulgação.
A última luta do UFC 141, no último evento do ano, era um tira-teima para Brock Lesnar. Após uma diverticulite e cirurgias, seria o gigante capaz de continuar lutando em alto nível, e contra um estreante do porte de Alistair Overeem? O resultado desta sexta-feira provou que não.
Brock, superastro do pro-wrestling, bem que começou a luta em Las Vegas ferindo Overeem no olho, com um bom soco. Mas Alistair aguardava apenas a distância e a hora certas de bater sem ser derrubado, o que Brock tentou umas duas vezes. Até que Overeem soltou a canelada nas costelas do monstro. Um, dois, três segundos, e Lesnar enfim sentiu a dor. Arriou, de costas para a grade, e o holandês terminou a demolição.
“Prometo aos fãs, e à minha esposa, que estou aposentado do MMA oficialmente”, disse Lesnar a Joe Rogan, ainda no octagon. “Se eu vencesse hoje, tentaria uma última luta pelo cinturão, mas como perdi, me aposento”, encerrou, parabenizando o oponente holandês.
Levinhos levantam plateia
Boné na cabeça, Nate Diaz não resistiu. Ao ver o rival Donald Cerrone vestido novamente de caubói, pouco antes de Bruce Buffer anunciar sua vitória por decisão unânime, o pupilo de Cesar Gracie o cumprimentou, e deu um leve tapinha (agora amistoso) no chapéu do oponente.
Parecia dizer, com o gesto, que o voo do chapéu na coletiva de imprensa, apesar do mal-estar criado, tinha dado sorte. Nate Diaz, de fato, realizou a melhor exibição de sua carreira na noite desta sexta, em Las Vegas, pelo UFC 141, na penúltima luta da noite. Primeiro, ficou agarrado a Cerrone, tentando derrubar o rival dono de bons chutes e finalizações. A seguir, no entanto, surpreendeu ao se afastar e castigar o nariz do “Cowboy” com socos retos e muito rápidos, jabs e diretos que entravam sem ser incomodados.
E assim foi até o terceiro assalto. Greg Jackson, no córner de Cerrone, invocava desesperado: “Cinco minutos de inferno! Eu te peço cinco minutos de inferno, ou você quer ir para casa com aquele gosto da derrota na boca?”. Mas apesar de algumas bandas, Nate não perdeu o rumo. Restou ao caubói ir embora com o sangue amargo na boca, e o chapéu escondendo a cara triste. O rodeio não saiu como esperado.
Antes do clímax
O UFC 141 começou como um carro engasgado, e a partir daí foi engrenando. A primeira enguiçada deu-se antes do início da noite na MGM Arena, quando os organizadores anunciaram que Matt Riddle estava sentindo-se mal, devido a uma forte gripe, e não lutaria contra Luis “Beição” Ramos, da Nova União.
Por conta do horário de pay-per-view, o evento atrasou uns 15 minutos por conta disso, mas enfim deu a partida com Diego Nunes contra Manny Gamburyan. Após se dizer com raiva do gaúcho da Nova União, Manny quedou e socou melhor. Mas Diego erguia-se rápido, e no fim os jurados deram uma vitória por decisão unânime para o brasileiro, algo que ninguém compreendeu direito.
Jacob Volkmann e Efrain Escudero entraram para lutar a seguir, na hora de Beição e Riddle, e passaram a primeira marcha. Escudero irritou os fãs ao tentar toda hora a mesma guilhotina, caindo por baixo e permitindo que Jacob caísse do lado, socando e amassando o mexicano com o ombro. Mas, no terceiro assalto, o até então perdido Efrain provou que sabia o que fazia, e arrochou o pescoço de Volkmann sem piedade, enquanto o relógio corria. “Ele está respirando de canudinho”, comentou Jorge “Joinha” Guimarães no canal Combate, enquanto Volkmann resistia até o gongo final. No fim, vitória unânime para Jacob.
A segunda marcha foi passada por um sul-coreano, sempre confiável. Mais esguio, Dong Hyun Kim usou seu judô e a envergadura para jogar por cima do canadense Sean Pierson, que jamais se entregou no chão, mas perdeu por decisão unânime, em luta transmitida no Facebook.
Fitch desplugado: cena rara no UFC.
As lutas seguintes, ainda mais aceleradas, trouxeram as vitórias apertadas de Danny Castillo sobre o nigeriano Anthony Njokuani, e a de Ross Pearson sobre o pernambucano Junior Assunção. Se Castillo venceu ao derrubar mais e ficar amassando um pouco no chão, Ross Pearson venceu Junior por alguns golpes em pé a mais.A terceira marcha só seria passada no card principal. Faixa-roxa de Ricardo “Cachorrão” Almeida, o garoto Jimy Hettes mostrou um Jiu-Jitsu de veterano ao passear sobre o vietnamita Nam Phan. Faixa-marrom de judô, Jimy acuava Nam em pé e castigava no chão, com socos, tentativas de chave de braço, bordoadas da montada, um cardápio completo. “Judô e Jiu-Jitsu juntos são como um filé e um bom vinho tinto”, elogiou Shane Carwin, peso pesado do UFC, no Twitter.
A partir daí a coisa esquentou, e o sueco Alexander Gustafsson passou seu Volvo por cima do veterano “Zelador” Vladimir Matyushenko, 40 anos, que tomou um nocaute no queixo a dois minutos do primeiro assalto. Mais rápido ainda foi o meio-médio Johny Hendricks, que prometeu e cumpriu: soltou a mão canhota e nocauteou Jon Fitch aos 12s de luta. Fitch, que vinha de contusão no ombro, chegou a se embolar com o árbitro, até perceber que tinha sido desconectado. Hendricks deve enfrentar GSP pelo cinturão até o fim de 2012.
O garoto Jimy contra Nam Phan: invicto na carreira.
UFC 141
Las Vegas, Estados Unidos
30 de dezembro de 2011
Alistar Overeem venceu Brock Lesnar por nocaute técnico aos 2min26s do R1
Nate Diaz venceu Donald Cerrone por decisão unânime dos jurados
Johny Hendricks nocauteou Jon Fitch aos 12s do R1
Alexander Gustafsson nocauteou Vladimir Matyushenko aos 2min13s do R1
Jim Hettes venceu Nam Phan por decisão unânime
Card Preliminar (TV americana)
Ross Pearson venceu Junior Assunção por decisão unânime dos jurados
Danny Castillo venceu Anthony Njokuani por decisão dividida
Card Preliminar (Facebook)
Dong Hyun Kim venceu Sean Pierson por decisão unânime dos jurados
Jacob Volkmann venceu Efrain Escudero por decisão unânime
Matt Riddle vs Luis Ramos – cancelada (Matt ficou fortemente gripado segundo o UFC)
Diego Nunes venceu Manny Gamburyan por decisão unânime
Por baixo, Ross solta o braço em Junior Assunção. "Eu fiz tudo o que foi possível para vencer", lamentou o brasileiro, após a derrota por decisão.