*Por Diogo Almeida
Sabíamos que seriamos afetados. Junto com meus irmãos Caio e Gustavo, além da diretoria da Almeida JJ (Jorjão e Gaúcho) entramos numa reunião para começar a nos organizar. Vimos que academias americanas começaram a fechar as portas. Logo em seguida o Gurgel fechou e então nós ligamos o alerta. Fechamos as portas, mas o aluguel do espaço é alto. Acatamos as recomendações com o plano de fechar as portas por sete dias, mas quando o anúncio do governo foi de 15 dias ficamos apreensivos, com a possibilidade de falir, até.
Foi daí que o Gustavo avisou: “Nós temos que continuar entregando o nosso trabalho, somos prestadores de serviço. Temos que seguir em conexão com os alunos”. Depois de muita conversa e reuniões montamos um plano de treinamento, além dos webnários, para manter o aluno estudando Jiu-Jitsu, e nas próximas semanas teremos outros assuntos fora do Jiu-Jitsu, mas com foco em outras esferas do esporte.
Nossa cartilha, produzida em texto e vídeos e remetida para cada aluno, ficou com treino físico pela manhã e na parte da tarde, com exercícios simples e funcionais, para que qualquer um possa fazer em casa, sem mistério. Tudo com movimentos específicos do Jiu-Jitsu, para não fugir da nossa essência. Na parte para nossas crianças, o plano de aulas foi mais específico, com ‘caças ao tesouro’, desafios, e outras atividades lúdicas, três vezes na semana. As aulas ministradas pelos professores online são apenas para motivar o aluno a ter um horário uma rotina, para motivar a atividade física. A aula em si ele já recebe antes mesmo desta ser veiculada na internet.
Outra designação da equipe foi manter os professores em contato com os alunos. Sou formado em Educação Física e estudante de Psicologia, e sei da importância da proximidade afetiva do instrutor com o aluno, para que ele não perca sua conexão com a equipe. Se perdermos isso acabou a academia.
Sobre os webnários, fechamos o horário das 19h30, diariamente, com um tema diferente. Nossos alunos seguem mensalistas mesmo na época de crise, mas recebem o nosso produto em casa, com informação de qualidade. Nessa primeira etapa abordamos temas pertinentes, como “Por que a criança deve lutar Jiu-Jitsu”, com psicólogos e especialistas, e outro sobre detalhes das regras, com árbitros. Tivemos também um webnário muito especial com os mestres Otávio de São Paulo e Baraúna do Rio de Janeiro, lembrando histórias e rivalidades do esporte no passado. Todas as aulas e os conteúdos transmitidos ao vivo, diariamente, podem ser vistos gratuitamente no nosso Youtube (Clique aqui para conferir).
Para diversificar, na próxima semana já quero colocar no treino funcional o tradicional cross training, com muay thai, Ginástica Natural. Outro plano é colocar algumas aulas de dança em um horário alternativo, para diversificar ainda mais, algo que o atleta possa fazer com o companheiro em casa, uma atividade conjunta para o casal. Isso tudo aliado a outros temas diferentes, como defesa pessoal para policiais, o impacto do coronavírus na sociedade, tudo isso para trazer o máximo de conteúdo para quem nos assiste.
Resumindo, colocamos a nossa academia, com todos os serviços possíveis, na casa do nosso atleta. E nós pretendemos colocar ainda mais atividades, atraindo clientes com conteúdo não só para os meu alunos, mas para os familiares e amigos que não estão relacionados diretamente ao Jiu-Jitsu. Com esse movimento nós fomos contra a maré de cancelamentos, recorrente nas outras academias. Além de todas as renovações em dia nós tivemos um cancelamento, apenas.
Este novo formato de negócios foi a nossa opção para seguir no mercado, e já passamos este modelo para outros professores também, a intenção é manter a comunidade do Jiu-Jitsu unida e funcionando. O professor não pode tomar a quarentena e o fluxo menor de trabalho como descanso. Pelo contrário. Devemos operar em dobro.
* Diogo Almeida é faixa-preta de Jiu-Jitsu e líder da nossa GMI Almeida Jiu-Jitsu, em São Paulo