De 2002 a 2013, o professor mineiro Cristiano Titi, fera braba formada por Vinicius “Draculino” Magalhães na Gracie Barra-BH, manteve uma bonita e edificante carreira no MMA, com oito vitórias em 11 lutas em ringues nacionais.
Rei das guilhotinas, Titi recordou em conversa com a equipe GRACIEMAG uma das principais lições que aprendeu há quase 15 anos, durante aquele período.
“Foi em 2004”, conta Cristiano. “Eu tinha feito uma luta de MMA num sábado de outubro, na divisão até 93kg, e ganhei no primeiro assalto, com minha guilhotina, sem me machucar. Meu companheiro de treino, Edson Sururu, ia lutar na semana seguinte um GP de duas lutas no Espírito Santo, no evento Vitoria Extreme, e aí a coisa começou a se desenrolar.
“Era um GP até 70kg e outro até 88kg, aquele esquema de enfrentar dois adversários na mesma noite. Até que, inscrito no peso pesado no GP, o Flávio Moura, então na GB, se machucou, e ligaram pro Draculino. Como eu estava bem treinado, no embalo e ele ainda colocou aquela pilha e aceitei.
“Entrei então no GP, que tinha o Leopoldo Serão da luta livre, o Leonardo Chocolate e o Gilmar Andrade, que era um ídolo local lá em Vila Velha, no Espírito Santo. Eu treinava muay thai com o mestre Olimpio, e ele havia estado no córner do Marcelo Uirapuru contra o Eduardo Jamelão, no Vitoria Extreme anterior, e naquele evento o mesmo Gilmar tinha dado um nocautaço lindo num cara da Nova União.
“Mestre Olimpio sempre foi do muay thai tradicional, sem firula… Quando saiu o card, vi que eu enfrentaria de cara o Gilmar, e fui conversar com o mestre. Para meu espanto, ele respondeu na lata:
– Titi, esse cara é o único que eu já vi na minha vida dar um chute rodado que realmente funciona. Quando ele pega é lona!
“Pronto, começou ali meu pavor. Eu só conseguia imaginar o cara me acertando um rodado no meio do queixo e eu caindo duro. Fiquei a semana toda pensando naquilo.
“Um dia antes da luta, eu estava nervoso. Nervoso nada, estava cagado mesmo. Falei na véspera com o Draculino então sobre o que estava sentindo, e disse a ele que seria impossível ganhar o GP. Pois, mesmo se eu passasse do Gilmar, chegaria à final todo quebrado, afinal o Gilmar também treinava Jiu-Jitsu, para piorar.
“Até que durante nosso papo tocou o telefone do Draculino. Era um camarada lá da Gracie Barra-BH, das antigas, que agora morava em Vitória. Dracu então pediu um momento e disse que ia por no viva-voz para eu ouvir. E o cara disse:
– Olha, o cara é bom em pé realmente. Forte e explosivo. Mas se o Titi conseguir cair por cima, vai pegar! Eu tenho certeza disso, porque já treinei Jiu-Jitsu com os dois, eu garanto.
“Rapaz, aquilo ali na hora me deu uma confiança gigante. O receio então evaporou! Chegou o dia da luta e entrei com 7 mil pessoas me vaiando no ginásio capixaba. Mas, confiante na informação de cocheira, fui com tudo e derrubei o oponente. Finalizei em menos de dois minutos, cravando a previsão.
“Para melhorar, fui para a final contra o Leopoldo Serão, experiente, mas como estava inteiro peguei na guilhotina rápido. Acho que esse telefonema do dia anterior representou 70% do meu cinturão! (Risos)”
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