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Dr. Gunter explica importância dos exames médicos para a vida do lutador de Jiu-Jitsu

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“Falta de ar, palpitações, dores no peito, desmaios… Relate qualquer episódio atípico ao seu médico”, recomenda Dr. Gunter.

Por: Dr. Gunter Sgarboza

Antes da quarentena, muitos pacientes visitavam meu consultório, a fim de passar por exames para obter atestado médico. Apenas com o documento em mãos, seria possível a matrícula em academias de ginástica ou de artes marciais. Os pacientes também dependiam do exame para fazer a carteirinha da CBJJ, alegando que “a Confederação exige, por se tratar de uma lei”. 

Nos Estados Unidos, por exemplo, basta assinar um termo que confirme que você está apto a fazer atividades físicas e pronto, você compete em qualquer campeonato e treina em qualquer lugar. Sinceramente, se você perguntar a minha opinião sobre essa questão da exigência, eu vou responder que não, eu não acho que o governo deve obrigar as pessoas a realizarem exames, as pessoas devem realizá-los por livre e espontânea vontade. Agora, se me perguntarem se é importante realizar exames para fazer exercícios, ou lutar, vou responder de bate-pronto: sim, é extremamente necessário!

Dr. Gunter, que também é faixa-preta de Jiu-Jitsu, especializa-se cada vez mais no atendimento a atletas da arte suave.

 

Exames bem feitos previnem muitos problemas, inclusive a temida “morte súbita”. Mas a decisão e a responsabilidade devem ser suas, amigo leitor, não do Estado, assim como ocorre nos EUA. Dito isso, quais exames você deve realizar para treinar com segurança?

Primeiro gostaria de deixar claro que, mesmo fazendo todos exames possíveis e existentes, você não estará 100% seguro. Mas existe um consenso (entre a Sociedade Brasileira de Cardiologia e a de Medicina Esportiva) que a tríade – história clínica detalhada, um bom exame físico e a realização de um eletrocardiograma de repouso – reduz em 90% os eventos de morte súbita. Eu ainda incluiria exames de sangue, urina e fezes.

Uma boa história clínica se baseia num questionário que permita a detecção de fatores de risco, sinais e sintomas sugestivos de doenças cardiovasculares, pulmonares, metabólicas ou do aparelho locomotor. Basicamente perguntar sobre episódios ocorridos durante o treino: falta de ar, palpitações, dores no peito, desmaios, dores musculares ou desconforto. Outro foco seria sobre o histórico familiar, se na sua família, parentes próximos, existem casos de morte súbita antes dos 50 anos, doenças do coração, do sangue, diabetes, tudo isso é muito importante.

No exame físico, deve-se avaliar se a pessoa apresenta anemia, alterações posturais, encurtamento dos músculos esqueléticos, focos infecciosos (dentários, por exemplo), doenças sistêmicas ou infecciosas graves, obesidade, hipertensão arterial sistêmica, alterações da ausculta pulmonar e cardiovascular e situações especiais, como a gravidez. Um eletrocardiograma de repouso avalia muito bem a presença de doenças congênitas no coração, aqueles que você nasce com elas.

Outros exames, como teste de esforço, ecocardiograma, teste cardiopulmonar (Ergoespirométrico), são exames necessários dependendo da avaliação inicial do médico assistente. Claro, não quero aqui fazer uma lista para você chegar no consultório médico com ela e dizer quais exames devem ser realizados. Não é assim que funciona. Quem decide é o médico que está avaliando você. Este artigo é apenas uma opinião sobre como a consulta deveria ser conduzida, seguindo as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia e Medicina do Esporte.

Aliás já tive problemas e perdi amizades, pois é muito comum me pedirem atestado dizendo que, em teoria, alguém está apto a lutar. Exames não podem ser feitos à base de “achismo”. O ideal é que as coisas sejam feitas da forma correta. Melhor perder a amizade, do que perder o amigo, certo? Bons “treinos caseiros” a todos durante esta pandemia. Grande abraço. Oss!

Ortopedista com especialização em cirurgia de joelho, Dr. Gunter tem um consultório em São José do Rio Preto. Siga-o pelo Insta @doutoresportista.

 

 

 

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