GMI e professor da Rada Jiu-Jitsu, Eduardo Correa acumula 14 anos de arte suave. Com sua experiência, Eduardo lidera turmas de todas as idades nos Estados Unidos e carrega consigo a missão de formar faixas-pretas dentro e fora do tatame.
Em papo com GRACIEMAG, o professor contou sobre suas aspirações no esporte, a importância de acreditar em si mesmo, no Jiu-Jitsu e como foram seus primeiros contatos com o Jiu-Jtsu, que se tornou seu estilo de vida. Confira nas linhas abaixo!
GRACIEMAG: Como foi o seu início no esporte?
EDUARDO CORREA: Sempre gostei muito de praticar esportes e, ao longo da minha vida, pratiquei judô, natação, boxe e até futsal. Em 2007, enquanto cursava Educação Física na faculdade, fazia estágio de natação em uma escola que possuía uma academia de Jiu-Jitsu, liderada pelo professor Rogério Leite, da equipe Carlson Gracie. Curioso, falei com o professor e fiz a minha primeira aula, que acabou sendo um caminho sem volta, pois não parei mais de treinar.
Como foram os anos nas faixas coloridas?
Tive bastante dificuldade no início pois era um dos mais magros na academia mas, com o tempo, fui percebendo minha evolução, tanto na parte técnica quanto na vida pessoal, tendo em vista que me sentia mais confiante e acreditava no meu potencial. Também fiz muitas amizades que carrego até hoje, dentre elas o meu professor, que nunca desistiu de mim e que conseguiu enxergar potencial que nem mesmo eu via em mim mesmo. Quando alcancei a roxa, decidi que viveria do Jiu-Jitsu e passei a ajudar meu professor em algumas das aulas, para ter mais experiência.
Assim que começou a prática, já teve interesse em competir?
Não me interessava muito em competir, mas entendia como era necessário passar por essa etapa do Jiu-Jitsu. Minha primeira competição foi na faixa-azul, graduação na qual fui vice-campeão estadual, mas continuei competindo até depois de conquistar a faixa-preta, na qual obtive meus títulos de maior expressão no esporte.
Em que ano você pegou a faixa-preta e das mãos de quem? Qual a melhor memória deste dia?
Recebi a preta no dia 1 de março de 2016, pelas mãos do professor Rogério, que me acompanhou desde o meu primeiro dia como faixa-branca. A graduação foi feita em um dia normal de treino e me pegou completamente desprevenido. Eu era o único faixa-marrom na academia naquele dia e, quando fizemos a formação para encerrar o treino, meu mestre falou que estava me achando muito solitário como faixa-marrom e me informou que eu era o mais novo faixa-preta da equipe. Não teve como segurar, cai de joelhos e comecei a chorar de emoção, pois sabia como foi difícil chegar até ali, quanto esforço e anos da minha vida foram dedicados a essa arte que eu amo. Eu finalmente havia conquistado meu maior objetivo e foi, sem dúvidas, um dos dias mais felizes da minha vida.
Como foi a sua chegada nos EUA? Quais eram suas expectativas?
No mesmo ano em que recebi a faixa-preta, vim para San Diego em uma viagem de férias com a minha esposa. Apaixonado por Jiu-Jitsu, trouxe meu kimono e encontrei a academia do professor Alfredo Barum, que também era da escola Carlson Gracie. Fiz alguns treinos, conheci muita gente e acabei comentando que sonhava em morar aqui com a minha esposa. Com todo mundo me apoiando nessa decisão e me incentivando a correr esse risco, conversei com a minha esposa e, em seguida, fui fazer uma proposta ao professor Barum, que combinou comigo que eu ajudaria durante às aulas em troca da mensalidade. No mesmo dia, pedi demissão do meu antigo trabalho e cancelei meus agendamentos como personal trainer.
Qual foi seu primeiro contato com a Rada BJJ?
Alguns meses após minha mudança para os Estados Unidos, conheci o professor Rafael Dallinha em um open mat. Tivemos bastante afinidade logo de cara e eu notei que, como ele estava saindo de uma sociedade e assumindo a academia sozinho, estava precisando de ajuda. Repeti a oferta que havia feito ao professor Barum e, com o passar do tempo, ele foi gostando do meu trabalho e me deu a chance de trabalhar como professor. Hoje sou o responsável pelo programa de crianças da Rada BJJ, além de dar aulas para adultos e particulares. E assim uma viagem de férias, que estava programada para durar apenas 15 dias, já alcançou a marca dos cinco anos (risos).
Como é o trabalho por aí? Quais são suas metas como professor e representante do Jiu-Jitsu mundo afora?
Trabalhar com Jiu-Jitsu nos Estados Unidos é muito bom. As pessoas aqui gostam e valorizam seu trabalho, diferentemente do Brasil. Hoje trabalho em prol da minha maior meta como professor, que é passar para as pessoas tudo que meu mestre me ensinou, além de mostrar como o Jiu-Jitsu tem o poder de mudar vidas. Ser campeão é apenas uma consequência.
Como separar a cabeça de atleta/competidor para se tornar um grande professor?
Muito simples, não separo (risos). Tudo que eu aprendi e ainda aprendo como atleta é passado aos meus alunos. Tudo depende da maneira que você conduz as aulas e aprender a converter esses ensinamentos faz parte do processo. Se hoje meus alunos me consideram um bom professor, devo isso a tudo que passei e vivi nesses 14 anos de tatame. Sempre digo que o Jiu-Jitsu pode mudar a vida deles, basta que se esforcem e acreditem em seus potenciais. A cabeça pode ser a nossa maior inimiga, já que ela conhece nossos pontos fortes e fracos, então é preciso aprender a controlá-la para conquistar os seus sonhos.
Quais são as metas do professor para forjar uma equipe ainda mais forte e se destacar como referência no ensino do Jiu-Jitsu e formação de campeões?
Meu maior objetivo é formar campeões na vida e fazer pelas pessoas o mesmo que o Jiu-Jitsu fez por mim, fomentando respeito dentro e fora do tatame. Quem já alcançou a faixa-preta sabe que o caminho é árduo, difícil e requer muita dedicação, motivo pelo qual tantos desistem. Apesar do Jiu-Jitsu ser para todos, essa caminhada não é para qualquer um, então essa é a minha meta: formar faixas-pretas não só no tatame, mas na vida.