O Brasileiro Sem kimono de 2010 teve Victor Costa como campeão da principal categoria. O representante da CheckMat bateu quatro oponentes para subir ao alto do pódio e ficar com a segunda medalha no dia. Antes, no superpesado, abdicou da final contra Antonio Peinado, preferiu se resguardar para o absoluto.
Um ilustre entre os competidores? O faixa-preta não se considera assim, apesar de ter uma história um pouco diferente dos demais adversários. Antes da arte suave, até os 18 anos, se dedicava ao futebol. Goleiro, chegou a fazer parte do elenco profissional do São Caetano, time de São Paulo. Depois disso, tornou-se o empresário por trás da Koral Kimonos. Daí em diante, o envolvimento com o Jiu-Jitsu foi tão intenso que a prática do esporte e as competições tornaram-se o destino.
Conheça um pouco dessa história no bate-papo de Victor Costa com o GRACIEMAG.com:
Imaginava ir tão bem no Brasileiro Sem Kimono?
Lutei o Pan (Sem Kimono) e foi uma volta às competições. Dei sorte de ter sido apenas uma luta, porque não estava tão preparado, afastado dos campeonatos há bastante tempo. Mas venci e isso me animou muito. Sabia que tinha o Brasileiro no final do mês e consegui fazer a minha agenda dividindo trabalho e treinos. Rendi nos treinos e passei a acreditar que poderia ganhar. Não imaginava que chegaria tão longe no absoluto, mas sabia que poderia ir bem.
Quando passou a acreditar que realmente poderia vencer a principal categoria?
Quando venci a primeira luta no absoluto, conversei com o Chico Mendes, um dos técnicos da CheckMat, e vimos que dava. Me concentrei e passei a pensar em chegar na final. Na segunda luta estava muito confiante, lutei muito bem e finalizei. A semifinal, contra o Theodoro Canal, foi duro. Ele é um atleta muito técnico, rápido e foi uma luta difícil, mas venci. O Capoeira (Nilson Ricardo), adversário da final, havia perdido para o mesmo lutador que eu ganhei na categoria de peso. Então tive confiança, sem querer desperdiçar a chance, e fui para a luta muito concentrado.
Como consegue administrar os negócios e render bem nos treinos para competir em alto rendimento?
Em primeiro lugar vem o amor que eu sinto pelo Jiu-Jitsu, a vontade de competir. Fui jogador de futebol, cheguei ao profissional com 18 anos, mas havia muita política e acabei meio que abandonado. Comecei a Koral com o meu irmão e, depois disso, a treinar Jiu-Jitsu. Vi que era um esporte individual, em que dependemos muito mais de nós mesmos. Como sempre tive vontade de vencer, foi uma união perfeita. Fui campeão mundial na faixa-marrom, mas, depois que recebi a preta, fiquei meio afastado.
O que o Jiu-Jitsu mudou na sua vida?
O Jiu-Jitsu me faz ser uma pessoa mais concentrada e dedicada. Na minha agenda sempre tem o horário do treino! Desde que eu abri a Koral, há 14 anos, fiz diversos amigos com o Jiu-Jitsu. O pessoal da minha equipe é excelente. Todos me ajudaram e incentivaram para o campeonato. Estive também na Flórida com o Rodrigo Cavaca, que eu admiro muito. Estive na academia do Nino Schembri e o cara tirou o kimono para me ajudar para o Pan. Enfim, em qualquer lugar que eu for, conheço pessoas. É uma família por todo o mundo e me sinto privilegiado nesse sentido.
Como é a relação entre você e os outros competidores? Há algo diferente por todos te conhecerem também como empresário do mundo das lutas?
Acho que é normal. Todos os atletas, hoje, têm uma mentalidade bem profissional e sabem separar os momentos. Na área de aquecimento, todos sabem que sou mais um competidor, e também os encaro dessa maneira. Já enfrentei atletas que patrocino e foi bem profissional. Sou um cara tranquilo, respeito a todos e acho que acaba sendo uma situação normal.