Lutador que se destacou nos dojôs, campeão mundial de Jiu-Jitsu, André Galvão busca o mesmo sucesso no MMA. No entanto, o faixa-preta sofreu um duro revés rumo ao objetivo. Vindo de vitória sobre Jorge Patino há menos de dois meses, Galvão se apresentou de forma irreconhecível contra o invicto Tyron Woodley, em luta pelo Strikeforce. A má apresentação custou o primeiro nocaute sofrido e atrasa o sonho do cinturão.
Em conversa com o GRACIEMAG.com, o lutador comenta os erros e a grande lição em um momento tão duro:
Li no Twitter que você não se preparou adequadamente. Isso ocorreu?
O Tyron fez tudo certinho e dou os parabéns a ele. Mas o que a gente faz no treino reflete na luta. Aceitei esse desafio faltando apenas quatro semanas. Havia acabado de lutar com o Macaco e estava totalmente desfocado, cuidando da minha nova academia. O Ed Soares (empresário) me ligou e aceitei na hora. Acho que faltou ter pedido um conselho. Se tivesse falado com os meus treinadores no Brasil, com o Distak e o Rogério Camões. Se tivesse ligado para o Jacaré, o Feijão ou o Anderson… Tenho certeza que eles diriam para eu não lutar. Mas acabei abraçando a idéia.
A sua mudança para os EUA pode ter atrapalhado? Não achou também que o desafio ficou muito próximo do contra o Macaco?
Pensei que estaria pronto. Mas quando as semanas foram passando, percebi que não estava. Não conseguia ficar no peso e nem dormia direito. Ainda não tenho uma casa aqui nos EUA e estou dormindo na de um amigo. Estava com a cabeça em arrumar uma casa, longe da família e com problemas pessoais. Sei que falar isso depois gera críticas e o Tyron teve seus méritos, claro. Mas esse tipo de coisa influência numa luta. Confesso que fiquei decepcionado. Quando faltavam umas duas semanas, quase liguei para o meu manager para dizer que não estava bem. Mas disse que ia lutar e fui.
Como foi dentro do cage? O que acha do Tyron?
O Tyron tem a mão pesada, mas não sei se o fato de estar tão mal prejudicou na minha recuperação depois do golpe. Depois do primeiro soco, não me lembro de nada. O que vocês me virameu fazer foi no piloto automático. Na luta contra o Macaco, ele era uma das opções para mim, mas não aceitou. Acho que é isso o que faz a diferença. Ele está fazendo o trabalho certo, com lutas a cada cinco meses. Tem que ter um intervalo entre uma luta e outra de, pelo menos, três meses. Quem treina sabe que o camp ideal vai de oito a nove semanas, no mínimo. Foi um erro, e espero não repetir.
Qual a grande lição disso tudo?
Acho que a grande lição… Foram muitas. Tenho que estar perto da minha família, estou há dois meses longe deles. Tenho que estar com os treinadores certos. Fiquei três semanas na academia do Brandon Vera, uma equipe boa, mas o pessoal não conhecia o meu jogo. E, muito importante, saber falar não. No MMA estamos para vencer sempre. As derrotas acontecem, lógico, mas não preciso dar sorte ao azar. Tinha que ter dito não a essa luta.
Agora nos EUA, como vai organizar o treinamento?
A verdade é que é muito mais fácil trabalhar no Brasil.Mas tomei essa decisão e estou com a minha academia aqui. Vai ter o CT do Minotauro aqui agora e, se for interessante, finalizo o meu camp no Brasil. O Anderson, Distak, Jacaré, Feijão, Corvo… São pessoas que eu confio muito e me dão motivação. O treino no Brasil é bem diferente. Mas vou procurar treinar com os melhores aqui, buscar os grandes treinadores e cuidar da minha academia. Vai dar tudo certo. Tenho fé em Deus, acho que isso é um aprendizado, e vou atrás do cinturão ainda. Tenho esse sonho e vou atrás dele