Professor Henrique Gama Filho, líder da nossa GMI Gama Filho Martial Arts, em Miami, na Flórida, traz consigo uma missão honrosa: elevar o nome da família, com os ensinamentos do saudoso pai, Pedro Gama Filho, e usar como base a sabedoria do Jiu-Jitsu e a dedicação em ajudar o próximo.
Para Henrique, que vive o Jiu-Jitsu e bebeu da fonte desde muito novo, os ensinamentos da arte suave servem para o esporte e a vida, levando esses valores para seus alunos com a intenção de fazer dos mesmos grandes professores no futuro, trazendo oportunidades para todas as camadas sociais através do Jiu-Jitsu.
Confira na entrevista abaixo as ideias e conceitos do professor Henrique Gama Filho.
GRACIEMAG: Qual é a primeira lembrança que você tem, vestindo um kimono?
HENRIQUE GAMA FILHO: Minha primeira lembrança vestindo um kimono foi com 3 anos nas minhas primeiras aulas de judô. Era um Mizuno que meu pai havia trazido do Japão com meu nome bordado em japonês.
Que legado você sente que seu pai, o saudoso mestre Pedro Gama Filho, deixou para as diferentes escolas e academias de Jiu-Jitsu?
O principal legado que o meu pai deixou sem dúvida foi o uso do Jiu-Jitsu como uma ferramenta para inclusão social. Dando oportunidade para pessoas de baixa renda construírem uma carreira através do Jiu-Jitsu e do judô como atletas ou professores dessas modalidades. Ele também ajudou muitos atletas que não tinham condições de pagar uma faculdade com bolsas de estudo na Universidade Gama Filho através do judô e do Jiu-Jitsu, e graças a essa oportunidade puderam se tornar profissionais em diversas áreas. Seu trabalho foi responsável por tirar milhares de jovens da marginalidade e mudou a vida de muitas famílias através do esporte.
Que ensinamento do seu pai você aplica hoje em sua academia?
O principal ensinamento que meu pai me passou foi educação e respeito ao próximo. É em cima desses valores que eu desenvolvo meu trabalho na academia. O Jiu-Jitsu tomou uma proporção muito grande e aquele modelo de academia com um ambiente hostil, voltado para os “casca grossas” está ultrapassado. O Jiu-Jitsu é para todos! Atualmente o esporte abrange diversos públicos. Tenho alunos de 3 a 65 anos, profissionais de diversas áreas e objetivos completamente diferentes. Com respeito e educação eu procuro proporcionar para os meus alunos um ambiente limpo e familiar, sempre respeitando os objetivos pessoais de cada um. Por exemplo: Um empresário que já tem uma idade mais avançada e possui uma rotina de trabalho pesada, não pode treinar da mesma forma que um jovem atleta, que se dedica integralmente para se tornar um campeão mundial Eles têm objetivos completamente diferentes, condições físicas diferentes e essas diferenças devem ser compreendidas e respeitadas.
Isso se aplica também aos valores ensinados no dojo?
Esse é outro ponto que sempre reforço aos meus alunos: para ser tornar um campeão você não precisa ter aquele semblante de mau. O campeão prova seu valor no tatame e nas suas atitudes positivas dentro e fora dele. Explico para o grupo de competidores que o treino pode e deve ser forte, mas sempre disputado de uma forma leal, prezando pela integridade física e o respeito ao companheiro de treino. Com esses valores acho que eu venho conseguindo construir um lugar especial para todos que ali convivem. Um local onde todos se ajudam a conquistar seus objetivos pessoais, fazendo com que o momento do treino seja a hora mais feliz e esperada do dia deles. A ideia não é criar somente um time, mas sim uma grande família.
Quando você percebeu que viveria em prol do Jiu-Jitsu?
Sempre tive o apoio do meu pai para viver do Jiu-Jitsu, mas sempre tive receio devido a todas as dificuldades de se sustentar por meio do esporte no Brasil. Naquele momento eu ainda botava o dinheiro na frente da minha paixão pelo Jiu-Jitsu. Em 2014, após alguns anos trabalhando no mercado financeiro, pude enfim perceber que aquela carreira não era o que eu queria para minha vida. Eu não estava feliz. Entrei em contato com o Libório, que além de ser amigo do meu pai, é uma pessoa especial e sempre disposta a ajudar. Nessa época ele estava de frente da American Top Team e me deu todo suporte para que eu viesse para os Estados Unidos. No dia 1 de março de 2015, eu cheguei na América com a minha esposa Ana Carolina. Esse foi o início do nosso “American Dream”. Não foi uma decisão fácil, deixei muita coisa para trás, família, amigos e tive que batalhar muito para conquistar o meu espaço por aqui, mas olhando para trás e vendo tudo que conquistei, posso afirmar que foi a decisão mais acertada da minha vida. Hoje eu posso proporcionar uma vida confortável para a minha família, trabalhando com o que eu amo.
Onde você vê sua equipe em cinco, dez anos?
Estou trabalhando para que no futuro eu tenha uma equipe estruturada e pronta para atender todos os públicos que o Jiu-Jitsu abrange atualmente. Pretendo me organizar como uma empresa, com diversos segmentos, como expansão de franquias, vendas, produtos, marketing , planejamento estratégico, planejamento para competições, padronização de ensino etc. Eu realmente acho que as equipes que não se profissionalizarem vão acabar ficando para trás no mercado. Procuro me espelhar em alguns caras que já vem trabalhando dessa forma, como o Fabio Gurgel, os irmãos Mendes, Cavaca e outros que estão levando o Jiu-Jitsu para outro patamar. Pessoas preocupadas em manter as tradições do Jiu-Jitsu, mas também preocupadas com o crescimento e a valorização do esporte.
A ideia então é fincar raízes nos EUA mas também dar frutos no Brasil, certo?
Precisamente. Assim como meu pai, tenho uma veia social forte e estarei apoiando diversos projetos sociais, com o intuito de não só formar campeões no Jiu-Jitsu, mas também prepará-los para o mercado e futuramente estarem aptos a gerenciar suas próprias academias de uma maneira correta, proporcionando através do esporte uma condição de vida melhor para as suas famílias. O primeiro centro será inaugurado ainda este ano na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro. Ofereceremos Jiu-Jitsu gratuito para aproximadamente cem crianças carentes.
A questão social pode ser a chave para uma equipe sólida e de sucesso?
Tenho certeza que essa é uma fórmula vencedora, pois pude acompanhar de perto o trabalho do meu pai e foi assim que ele formou times que se tornaram referências no esporte. Como o time de judô da Gama Filho, que durante anos foi o time de judô mais vitorioso do país e no time de Jiu-Jitsu da Gama Filho, que hoje se chama GFTeam, que é uma grande referência no esporte, graças ao excelente trabalho desenvolvido pelo Julio Cesar, que é outro cara que eu também tenho uma grande admiração e procuro me espelhar. Não posso deixar de agradecer ao Leonardo Freitas e a Hayman Woodward, que são os grandes responsáveis pelo desenvolvimento desse trabalho aqui nos EUA, me proporcionando todo apoio para que eu consiga manter o legado do meu pai vivo e ainda mais conhecido ao redor do mundo. Espero que nesses próximos cinco, dez anos eu possa construir algo tão grande e impactar positivamente a vida de milhares de pessoas, para que um dia o meu filho possa se orgulhar tanto da minha história quanto eu me orgulho da história do meu pai.
Faça parte do nosso seleto grupo GMI. Clique aqui e confira!