Há exatos 40 anos, no dia 25 de abril de 1980, na época com 21 anos, mestre Rickson Gracie fazia sua estreia no vale-tudo, contra o gigante Rei Zulu.
O duelo aconteceu em Brasília, e Rickson, acompanhado do pai Helio e do irmão Rolls, se jogou para a batalha mais dura de sua carreira, contra o invicto maranhense Zulu. Rickson era então, um jovem faixa-preta, graduação que conquistara em 1977.
Confira abaixo o relato de Rickson, em entrevista aos colegas do Esporte Interativo, e a lição que o mestre de Jiu-Jitsu tirou da batalha contra o Rei Zulu.
“Foi disparada a luta mais difícil da minha vida. Logo no vestiário, que era coletivo para todos os lutadores, estava sentado com meus amigos, me alongando, de costas para a porta. De repente todos eles estavam boquiabertos, olhando às minhas costas como se um fantasma tivesse entrado. Não olhei, mas era evidente a preocupação de todos. O cara era um gigante, tinha 98kg e eu 74kg. Super avantajado fisicamente, realmente um cavalo. Mas ainda assim reclamei com eles por terem ficado intimidados com o Zulu.
“A luta começou e assim que soou o gongo ele veio para cima de mim, na intenção de me segurar numa baiana com uma só das pernas e me arremessar por cima da cabeça, um movimento que ele costumava fazer. Eu me defendi e fiquei na posição perfeita para uma joelhada. Dei com toda a minha força, mas mesmo tomando a joelhada perfeita no meio do rosto, que fez até com que ele perdesse um dente, o Zulu sacudiu a cabeça e partiu para cima de novo.
“Quando acabou o round, eu cheio de sangue do Zulu, cheguei no córner e disse para o meu pai que não poderia seguir. Que estava morto de cansado. Ele nem ouviu o que eu falei. Me massageou e disse que o cara estava mais cansado do que eu. Eu reforcei, disse que estava mal, que não conseguiria nem levantar. Nisso meu irmão Rolls pegou um balde de gelo com água e jogou na minha cabeça. Puxei o ar bem fundo com o susto e gongo bateu, com eles me empurrando de volta para o ringue. Me peguei com o negão de novo, tive a felicidade de agarrar ele pelas costas e finalizar no mata-leão.
“Foi uma grande experiência. A partir dai eu entrava sempre disposto a morrer nas minhas lutas, mas nunca a desistir ou achar que eu já tinha feito suficiente. Vou levar isso até o fim dos meus dias. Isso fez de mim o que eu sou hoje. Sempre para frente, nunca acreditando na derrota. Estando sempre pronto para as adversidades da vida.”