Não teve para mais ninguém. Após voar de Manaus a Porto Alegre, quase do Oiapoque ao Chuí, e lutar no mesmo dia, a fera Antonio Braga Neto (Gordo Jiu-Jitsu) faturou o absoluto e a categoria acima de 92kg na Seletiva de Gramado, realizada no último fim de semana.
E teve direito a um triângulo voador e tudo, na semifinal do absoluto, contra Agnaldo Silveira (Gracie Barra).
O manauara, que já tinha conquistado a passagem para Abu Dhabi na Seletiva no Rio, chegou à serra gaúcha a instantes da competição com uma missão: pegar confiança para a competição principal, em Abu Dhabi, em abril.
Em entrevista ao GracieMag.com, Braga Neto comentou a vitória em cima de Tarsis Humphreys (Alliance), na final do absoluto, o empate com Rodrigo Cavaca (CheckMat) e muitos outros assuntos palpitantes. Confira!
GracieMag: Valeu a experiência de lutar exausto da viagem?
BRAGA NETO: No fim foi bem gratificante, mas sempre é assim. Já fiz várias dessas viagens, para mim é o maior prazer lutar Jiu-Jitsu. Dessa vez, a viagem foi bem cansativa, eu saí de Manaus cedo e cheguei em Gramado às 18h. Foi corrido, mas só tive essa oportunidade graças a um amigo que por saber da minha vontade de lutar me patrocinou. E deu tudo certo.
Após conquistar o peso e o absoluto, você se vê numa das melhores fases na carreira? O Neto bicampeão mundial na faixa-preta está ainda mais maduro?
Sinto que estou reencontrando meu Jiu-Jitsu, mas ainda longe do meu melhor. Mas estou buscando isso. Fiquei sete meses sem treinar por conta de contusão, e isso me deixou bem inseguro de como iria voltar. Graças a todo apoio da equipe da Cia do Movimento, em Porto Velho, onde fiz minha reabilitação, consegui voltar bem. Venho treinando forte há algum tempo, minha vontade de vencer e finalizar foi o que fez diferença. A organização do Fernando Paradeda é excelente, então estimula a gente a dar um show para o pessoal. O resultado é só consequência do nosso trabalho.
O que você acha que faltou na luta contra o Rodrigo Cavaca no peso, que terminou empatada?
É, a luta com Cavaca foi dura. Ele é muito bom e forte, e conseguiu anular meu jogo. Faltou eu atacar mais, me soltar. Depois dessa luta vi que falta muito para eu estar bem. Mas enfim, ele é um dos melhores da categoria pesadíssimo e lutar com ele foi excelente.
Antes de garantir o prêmio do absoluto, você precisou passar pelo Tarsis na final. Como foi o confronto, no domingo?
Outro combate duro. Destaco dois momentos da luta: primeiro, quando encaixei o relógio, uma posição forte que vinha treinando bastante e consegui finalizar. E o outro: fiquei um pouco frustrado por perder a minha omoplata e não conseguir finalizar. Mas mantive o foco e venci. Aprendi que a confiança que adquirimos no treino e no campeonato nada mais é que uma preparação para nos tornarmos um vencedor.
Algum detalhe para estrangular bem no relógio?
O principal é entrar com a mão na medida certa dentro do pescoço, não pode ser muito para fora nem muito para dentro. Você tem de pegar na posição exata da jugular e apertar!
Não vai lutar o Pan da IBJJF, em março?
Desta vez não, pois prefiro lutar agora pensando nos seis minutos de Abu Dhabi, não quero confundir a cabeça. Mas no próximo estou lá, me amarrei na iniciativa do antidoping.