O GP dos Pesos Médios da Copa Pódio, marcado para 8 de setembro, será um pouco diferente dos eventos anteriores. Desta vez, há mais faixas-marrons e curingas – caso do peso-pluma Paulo Miyao, magrinho com jeito de franco-atirador no GP.
Com a presença de dois marrons, além de alguns faixas-pretas recém-graduados, a realidade é que nem o grupo verde nem o amarelo tem um grande favorito.
Um dos lutadores mais imprevisíveis talvez seja o judoca olímpico Travis Stevens, faixa-marrom de Renzo Gracie. Embora seu currículo de Jiu-Jitsu seja humilde se comparado com os dos outros concorrentes, suas credenciais no judô o colocam entre os melhores do mundo.
Tendo lutado na delegação americana em 2008 e 2012, ele venceu o Pan de 2007, e ficou com a prata no Pan de 2011. Hoje, treina e ensina tanto judô como Jiu-Jitsu em sua academia em Boston, bem como em Nova Jersey e Nova York. Mas, para a Copa Pódio, Travis garante: terá seu foco voltado para o Jiu-Jitsu.
GRACIEMAG: Vindo de um nível altíssimo de judô, como você vai adaptar essas habilidades aos seus oponentes na Copa Pódio?
TRAVIS STEVENS: Infelizmente para mim, as estratégias usadas no judô não são as mesmas do Jiu-Jitsu, então não haverá grande interseção. A única coisa que vou poder trazer do judô é o quão confortável me sinto competindo. Estou acostumado a competir 15 ou 16 vezes por ano, o que me deixa constantemente com uma mentalidade de competidor.
Como você normalmente equilibra seu treinamento de judô com o de Jiu-Jitsu, e você adaptou sua rotina para este evento?
Tenho a sorte de me sustentar com o judô e poder praticá-lo em tempo integral. Então o Jiu-Jitsu pra mim é passatempo. Eu normalmente faço duas sessões de treino de judô diárias, de segunda a quinta, e uma na sexta. Faço Jiu-Jitsu pelo menos uma vez por dia – seja ensinando, ou quando dou sorte de pegar um bom rola durante a semana. Mas nos fins de semana eu dirijo de Boston para Nova Iorque para treinar o dia todo na academia do Renzo na cidade e na Renzo Gracie Fort Lee. Sexta e sábado, eu faço duas sessões de Jiu-Jitsu, e uma no domingo. Aí eu dirijo de volta pra casa. Embora o Jiu-Jitsu exija muito do corpo, eu ainda o considero como lazer, pois gosto muito de trabalhar com John Danaher e Renzo, e todos os outros caras da academia. A única coisa que mudei no meu treino para a Copa é que fiz um pouco de exercícios situacionais para pessoas específicas – que é algo a que não estou acostumado nem no judô, nem no Jiu-Jitsu.
Qual é a sensação de entrar num torneio e numa atmosfera de Jiu-Jitsu?
Sinto-me como uma criança em seu primeiro dia de escola quando vou a uma competição de Jiu-Jitsu, olhando para tudo e me sentindo deslocado, assistindo às pessoas se aquecendo, e meio perdido em relação ao que eu deveria estar fazendo. Mas, quando eu piso no tatame e vejo meu adversário, sinto-me em casa de novo e, independente das regras e sistemas de pontuação, uma finalização é sempre uma vitória, então sei qual é minha meta e como alcançá-la. Não acho que as minhas conquistas no judô serão negligenciadas, mas tampouco acho que elas vão me ajudar num torneio de Jiu-Jitsu. Mesmo que alguém tente jogar em pé e me derrubar, eu vou apenas puxar pra guarda. Vou à Copa Pódio pra lutar Jiu-Jitsu, não judô.