Quarenta e cinco anos depois da Copa do Mundo de 1970, também em junho, o Brasil voltou a vibrar com uma vitória épica em solo mexicano. Na madrugada deste dia 13 de junho, o craque canarinho responsável por levantar a galera nos bares brasileiros e soltar gritos nas janelas não foi Pelé, Tostão ou Jairzinho: foi o faixa-preta de Jiu-Jitsu Fabricio Werdum, 37 anos (20v, 5d, 1e), no seu estilo “Vai Cavalo” de driblar os oponentes. E o melhor: com direito a uma guilhotina e os inevitáveis três tapinhas de Cain Velásquez, ex-campeão dos pesos pesados do UFC.
No UFC 188, a missão do bicampeão mundial de kimono era das mais complicadas. Mesmo para quem já havia finalizado Alistair Overeem, Rodrigo Minotauro e Fedor Emelianenko, e vencido dois ADCCs, não era fácil prever se o queixo do astro gaúcho suportaria a potência de tantos megatons dos socos de Cain Velásquez (13v, 2d), então campeão de direito que não perdia desde 2011, quando foi abatido por Junior Cigano.
Mas Werdum novamente quebrou a banca, e calou a arena Ciudad del México, na capital do país da família de Cain, de 32 anos. De início, o brasileiro começou na defensiva no primeiro assalto, quando precisou absorver bem os punhos pesados de Velásquez: Werdum chegou a cair para trás logo nos primeiros instantes, fazendo guarda e levantando rapidamente. Com um clinche inteligente, no entanto, fruto dos treinos de muay thai com mestre Rafael Cordeiro, Werdum equilibrou a batalha e começou a segurar a nuca e soltar joelhadas e bons socos, num revide primoroso.
No segundo assalto, Cain, que retornava após um ano e meio parado, já sangrava como nunca antes, no rosto todo, e as mãos lentas e exaustas já não encontravam o rosto do faixa-preta brasileiro. No terceiro assalto, veio a conta: Velásquez se afobou e foi nas pernas para derrubar o impetuoso desafiante. Posição perfeita para uma guilhotina com o braço de Cain por dentro. Werdum já sorria enquanto apertava, e quando o árbitro interrompeu, foi festa em todo o Brasil. Para decepção do povo mexicano que lotava a arena.
Com o feito, Werdum firma-se como o faixa-preta mais bem-sucedido dos pesos pesados, campeão do UFC, do Mundial da IBJJF e do ADCC. A finalização ainda rendeu um cheque bônus de 50 mil dólares, oferecido pelos cartolas do Ultimate.
“Foi uma luta duríssima e, com certeza, teremos uma revanche”, disse Werdum, ainda no Octagon. “Vim para cá 35 dias antes da luta, deixei minha família. Tinha uma boa estratégia”.
Restou a Cain pedir perdão, humildemente: “Perdão a todos vocês. Perdão a todos que deram duro para estar aqui. Na próxima, vamos ganhar”, apostou.
UFC 188
Cidade do México, México
13 de junho de 2015
Fabrício Werdum finalizou Cain Velasquez com uma guilhotina aos 2min13s do R3
Eddie Alvarez venceu Gilbert Melendez por decisão dividida dos jurados
Kelvin Gastelum venceu Nate Marquardt por nocaute técnico no intervalo para o R3
Yair Rodriguez venceu Charles Rosa por decisão dividida
Tecia Torres venceu Angela Hill por decisão unânime
Henry Cejudo venceu Chico Camus por decisão unânime
Efrain Escudero finalizou Drew Dober com uma guilhotina aos 54 segundos do R1
Patrick Williams finalizou Alejandro Perez com uma guilhotina aos 23 segundos de luta
Johnny Case venceu Frank Trevino por decisão unânime
Cathal Pendred venceu Augusto Montaño por decisão unânime
Gabriel Benítez venceu Clay Collard por decisão unânime