Eram 15 para as três de um sábado de sol ameno no Rio, e duas jovens católicas do Tajiquistão passavam na porta do ginásio do Tijuca Tênis Clube com seus kits de boné, livros e garrafinhas de água em caixas de papelão, prontas para ir ver o Papa em Copacabana. Dentro do ginásio, sem que elas desconfiassem, outros peregrinos aqueciam, lutavam, esperavam a hora da verdade, durante o Rio Open e o Internacional de Masters e Sêniors de 2013, realizado entre 25 e 28 de julho.
Eram australianos, americanos, argentinos e brasileiros de todos os cantos do país, buscando a iluminação, o desenvolvimento técnico e a medalha de ouro, apesar das dificuldades. “Os hotéis estavam escassos e as passagens encareceram por conta da vinda do Papa”, comentou um faixa-preta ligado à CBJJ. Foi preciso ter fé e resignação: o campeonato já estava marcado bem antes do evento papal.
Entre os astros do absoluto adulto, João Gabriel Rocha com seu capucho na cabeça até lembrava os peregrinos do Papa Francisco. Mas sua missão ali era outra: superar-se. “Eu tossi uns cinco minutos sem parar. Achava que alergia era coisa de fresco, mas hoje vi que isso pega mesmo. Nem sei que gripe é essa”, disse o craque da Soul Fighters, os lutadores com alma.
Sem deixar o pulmão sentir o muco, João caiu dentro da disputa com status de favorito, graças à medalha de prata no Mundial em junho, na categoria superpesado. E ele não desapontou seu professor Leandro Escobar e equipe: na primeira, fez 7 a 0 em Kim Terra; depois, finalizou seus três oponentes nas costas, incluindo a semifinal contra o duro Ricardo Evangelista, abatido em 3min25 de combate.
“Meu diferencial hoje não foi apenas o ataque nas costas, foi não perder as posições conquistadas”, ensinou ele, cada vez mais maduro. E sem tossir.
O oponente de João na grande final do absoluto, em luta que deve ocorrer ali pelas 18h30 deste domingo, foi o monstro Leandro Lo.
O paulista veio de peso médio, uma categoria acima de onde costuma atuar, e isso deu ainda mais pressão ao aluno de Cicero Costha. Na primeira luta, Lo raspou, passou, montou e estrangulou ao estilo beisebol, contra Gessé Francisco (Nova União). A seguir, raspou Diogo Silva (Ryan), passou toureando e finalizou na kimura. Nas quartas, encarou Léo Maciel (GFTeam), botou giro, raspou e passou. Com dores na lombar, Maciel desistiu.
A semifinal foi um lutão com placar minguado e nível de Jiu-Jitsu elevadíssimo. Felipe Preguiça, que eliminara Igor Silva por 5 a 2, puxou Lo para a guarda e se segurou como podia. Lo tentou passar. Tentou montar. Tentou pegar as costas. No fim, 0 a 0, e oito vantagens para Lo.
“É muito complicado estabilizar qualquer posição contra o Preguiça, a defesa dele é realmente muito boa. E os ataques dele são bem parecidos com os meus. Acho que por isso eu consigo perceber o que ele vai tentar para raspar”, analisou Lo.
Feminino: Vanessa x Luiza no absoluto
Entre as mulheres, Luiza Monteiro, namorada de Lo, está também na final do aberto, após campanha sem erros. Sua oponente será Vanessa Oliveira, que brilhou ao finalizar Talita Treta no triângulo, na semifinal faixa-preta.
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