Tetracampeã mundial de Jiu-Jitsu, Michelle Nicolini se jogou numa categoria onde a mulherada é bem mais forte, o meio-pesado, e mostrou que sua técnica é capaz de prevalecer em qualquer divisão. Seus desafios este ano, no entanto, não terminaram: ela agora vai tentar honrar seu convite para o ADCC Pequim, nos dias 18 e 19 de outubro, com mais um título para a coroada carreira. Agora no sem kimono.
A paulista da Checkmat analisou o cenário do Jiu-Jitsu esportivo feminino, comentou onde as derrotas no ADCC a ajudaram, e muito mais.
GRACIEMAG: Como está a sua preparação para o ADCC China?
MICHELLE NICOLINI: Ainda estou fora do Brasil, estou treinando leve e dando várias aulas e seminários muito legais. Eu retorno ao Brasil no início de agosto, e vou me preparar em Santos. Terei exatos dois meses até a data do embarque para a China. No Brasil, vou retomar os treinos de musculação e funcional, e aumentar o ritmo dos treinos sem kimono. Podem esperar o meu melhor Jiu-Jitsu. Estou motivada para este campeonato, que é sem dúvidas o campeonato dos sonhos de muitos, pelo reconhecimento internacional que dá aos atletas. Acho que veremos lutas excelentes.
O que você aprendeu com o vice na seletiva para o ADCC, no Rio?
Devido à turbulência de tantos campeonatos no primeiro semestre, não tive tempo para me adaptar ao modo de jogar sem kimono e fui direto para a seletiva. Fui tentar lutar Jiu-Jitsu e o ADCC é outro esporte, outras regras. Pude observar bastante coisa que preciso melhorar. Vou deixar meu jogo mais justo e corrigir os erros. Para o ADCC China, vou mais madura. Na última edição, em 2011, na Inglaterra, eu estava tão eufórica por ter conseguido chegar lá que acabei lutando ansiosa demais. Desta vez estou mais tranquila.
Você estava bem na final contra a Kyra Gracie, no ADCC 2011, até que ela encaixou o golpe no braço e pegou. O que você vai fazer de diferente?
A confiança no meu jogo sem kimono aumentou bastante. Quero pegar o tempo das posições para vencer em Pequim. Ao fazer guarda, não tenho nenhuma dificuldade com as pegadas sem kimono. Já me adaptei a isso, sempre dá para ficar agarrada. Também vou dar continuidade nos treinos em pé que vínhamos fazendo, e quem sabe arriscar alguma coisa nova.
No Mundial 2013, você e muitas estrelas ficaram fora do absoluto na faixa-preta. Você acha que isso está virando uma tendência durante esse reino Gabi Garcia?
Uma das razões disso é que muitas meninas ficam com receio de lesões no absoluto, e por ser um dia antes das categorias de peso isso acaba se tornando um grande empecilho. Embora eu seja das categorias mais leves, na verdade eu sempre curti lutar os absolutos, mas faz dois anos que tenho preferido manter o foco apenas no peso. Acho que realmente a era Gabi Garcia desanima um pouco as meninas mais leves. Você entra para lutar com ela a primeira vez, e acha que na próxima pode fazer diferente, ter uma atuação melhor. Porém, na próxima fica ainda pior e assim vai. Enquanto a Gabi estiver treinando forte acho que o posto de campeã dos absolutos vai ser dela mesmo.