A dez dias do Mundial de Jiu-Jitsu, a 18ª edição do maior campeonato da modalidade, GRACIEMAG relembra alguns dos momentos mais emocionantes da história do esporte. Para começar, o absoluto de 1997.
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“Provei que a técnica é o que mais importa. Eu me sinto orgulhoso do Jiu-Jitsu, e do que ele é capaz de fazer por nós.” Com esta frase, Royler Gracie analisou sua trajetória no absoluto faixa-preta do Mundial de Jiu-Jitsu de 1997.
Após vencer a categoria de pesos-penas pelo segundo ano consecutivo, ao superar quatro adversários e faturar o ouro contra Vitor “Shaolin” Ribeiro, Royler decidiu ousar e tentar a sorte no absoluto, contra os pesos pesados do Mundial.
A saga de Royler foi reportada na edição de número #11 da GRACIEMAG:
“Com sua conhecida velocidade, Royler começou no absoluto com uma bela queda no peso pesadíssimo Arthur Ignarra, vice-campeão na categoria. Este até conseguiu ficar por cima, mas foi incapaz de reverter o placar. Então, Royler enfrentou Léo Dalla, nas quartas de final. A luta começou melhor para o faixa-preta de Jorge Pereira, que conseguiu ficar por cima. Incrivelmente, Dalla ficou sem gás antes de Royler. O Gracie mostrou superioridade técnica e força suficientes para raspar e passar a guarda. Ele continuou atacando e fechou a luta nas costas de Dalla, tentando finalizar.”
O próximo oponente seria Amaury Bitetti, campeão absoluto do ano anterior e favorito para o título daquele ano. GRACIEMAG assim descreveu a luta:
“De um lado, com 67kg, em sua sétima luta do campeonato, Royler Gracie, o faixa-preta que talvez tenha o maior currículo da história do Jiu-Jitsu competitivo. Do outro lado, com 87kg, Amaury Bitetti, defendendo o título de campeão mundial absoluto. O embate era aguardado. A ideia de Royler era fazer desta a revanche da luta que eles haviam feito cinco anos antes, em 1992, quando Bitetti foi declarado vencedor em decisão polêmica. Bem, o fato é que o Gracie entrou com outra tática desta vez. Ele buscou a luta em pé contra o atual campeão absoluto. O combate começou mal para Royler, que acabou sofrendo uma queda e viu dois pontos serem computados para o rival. Os dois continuaram em pé, e as melhores oportunidades foram de Amaury, que não caiu em momento algum e conseguiu sua vaga na final. Royler disse adeus à disputa, mas foi amplamente saudado pelo público por ser um dos principais responsáveis pelo show de Jiu-Jitsu daquela edição.”
Com isso, Royler ficou com a medalha de bronze no aberto. Uma condecoração rara. Em 15 edições após aquele pódio, nenhum outro atleta tão leve quanto Royler conseguiu igualar o feito, e o Gracie continua sendo o lutador mais leve a conseguir uma medalha na categoria absoluto faixa-preta do Mundial de Jiu-Jitsu.
Mas e o ouro? Era a hora da final, mais um duelo entre os respeitados Amaury Bitetti e Fabio Gurgel, que haviam feito a semifinal do aberto no Mundial 1996, também no Tijuca Tênis Clube. As lutas entre Bitetti e Gurgel já eram clássicos das competições de Jiu-Jitsu. Gurgel e Amaury sabiam bem o jogo um do outro, sendo capazes de neutralizar os movimentos com eficiência.
A final do aberto foi descrita em GRACIEMAG como uma batalha “excitante, mas lenta de alguma forma. Linda, mas tensa. Apertada, mas com uma ligeira vantagem para Amaury, que jogou por cima e tentou até uma estrela para passar a guarda”.
Gurgel quase pegou Bitetti desequilibrado, uma ou duas vezes, e a difícil decisão de escolher um vencedor ficou nas mãos do árbitro Adilson Bita. Ele chegou a tirar lágrimas de Bitetti assim que levantou seu braço. Mais uma vez, o campeão absoluto era Amaury. Com estratégia, honra e mérito.
Mais cedo, naquele mesmo dia, Bitetti decidira não lutar o peso pesado para se concentrar no ouro mais marcante.
“A disputa no peso não é tão difícil, por isso decidi arriscar tudo no absoluto. Deu tudo como planejado, eu estava com gás total, além de muito bem treinado, uma vez que treinei com todo mundo para este campeonato. Treinei com mestre Osvaldo Alves, com os caras da academia Carlson Gracie, com Ricardo Libório, Bebeo Duarte e também com o pessoal da Nova União, como o Vitor Shaolin e Ricardo Charuto”, listou o primeiro bicampeão mundial absoluto da história do esporte.