Na divisão de adulto faixa-preta do Mundial de Jiu-Jitsu 2018, realizado na última semana, em Long Beach, em uma das semifinais do peso pesado, um lance no último segundou trouxe o gosto amargo da derrota para o americano Keenan Cornelius, atleta da Atos. Em duelo muito competitivo contra Patrick Gáudio (GFTeam), no qual o americano vencia nas vantagens, com 4 a 4 nos pontos, Keenan teve o pé atacado por Gáudio nos segundos finais. Com o apito da mesa, o árbitro encerrou a luta e garantiu a Gáudio a vantagem para empatar a disputa. Na decisão, o brasileiro levou a melhor.
Comentários inflamados de ambas as torcidas explodiram nas redes sociais. Uns defendiam que Gáudio merecia a vitória, conquistada no último segundo com muito coração e a busca do sucesso durante toda a partida. Do outro lado, a torcida de Keenan viu maior vantagem para o americano, que conquistou a pegada de costas na luta e deveria ter recebido mais uma vantagem após o apito final, por ter ficado por cima ao fim do ataque de Gáudio.
Para entender melhor a situação, GRACIEMAG entrou em contato com o mestre Julio Cesar Pereira, líder da GFTeam, e André Galvão, líder da Atos, para que ambos pudessem comentar a luta que dividiu opiniões no Mundial.
Para mestre Julio, o estilo agressivo de Gáudio e sua intenção de buscar a luta até o fim foram as características determinantes para o resultado favorável ao seu aluno.
“As lutas do Patrick são sempre muitos emocionantes”, disse Julio. “O Keenan é um grande adversário e muito difícil de lutar contra, mas o Patrick foi muito explosivo no final da luta e conseguiu a vantagem. Ele teve mais volume de jogo na maior parte da luta e brigou pela vitória até o último segundo. A vontade de ganhar certamente foi diferencial.”
Para Galvão, porém, um detalhe passou despercebido aos juízes na pontuação da disputa: uma vantagem teria sido supostamente suprimida da pontuação do americano, que teria a vitória sem a decisão dos árbitros caso esta tivesse sido computada.
“Antes de tudo, não quero causar aqui nenhum drama, pois sei o quanto cada atleta se dedica para ser campeão mundial”, alerta Galvão. “O Patrick e o Keenan, assim como todos os outros atletas que lutaram ali, deram 100% tanto nos treinos quanto no campeonato, e estão de parabéns. Contudo, pelo que eu entendo da regra, acho que o Keenan foi prejudicado. Ele deveria ter ganho uma vantagem no final da luta também, ao terminar por cima na tentativa de uma raspagem enquanto o Patrick estava atacando o pé dele nos últimos segundos. A vantagem do Patrick pelo ataque do pé foi válida, mas o Keenan não ganhou a vantagem da subida na tentativa de raspagem, era para ser uma vantagem para cada um no fim. Eu vi o vídeo da luta depois e, claramente o Keenan subiu antes do tempo acabar, ele deveria ter ganho a vantagem por terminar em cima.”
Galvão ainda aproveitou para usar a luta seguinte para endossar seu entendimento do lance na luta de Keenan, no qual um lance parecido teve a contagem dos pontos a que este se refere.
“Aconteceu a mesma coisa na luta final da mesma categoria, entre o Patrick e Felipe Preguiça, no qual o Patrick vai no pé caindo por baixo e o Preguiça subindo. No final, os juízes deram vantagem para os dois. Foi exatamente igual, mas a vantagem dada ao Preguiça não mudaria nada o resultado da luta pois ele já estava na frente (Patrick tinha uma punição a mais). Já na luta do Keenan mudaria tudo, pois não empataria a luta e o Keenan venceria por uma vantagem.
“Mesmo com o empate, acho que meu aluno venceu. Não falo isso porque sou professor dele, falo com toda sinceridade. Não tirando o mérito do Patrick Gaudio, que defendeu as costas no final e ainda raspou e foi no pé. Foi demais. Mas, no total, analisando a luta por inteiro, Keenan teve mais domínio. Acho que ele venceria na minha visão.”
Agora você comenta, amigo leitor e analista de Jiu-Jitsu: o resultado foi correto ou a interpretação do fim da luta entre Patrick Gáudio e Keenan Cornelius foi equivocada? Deixe nos comentários!