Marcos Cunha se une à Kronos e projeta reconhecimento aos formadores de campeões

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Léo Peçanha e Marcos Cunha em banner de anúncio da união dos times. Foto: Reprodução

A história dos professores Marcos Cunha e Leonardo Peçanha, ambos membros do time GMI, vai desde a rivalidade na década de 90 até a amizade que resultou na recente fusão anunciada por ambos, numa projeção ambiciosa da equipe Kronos, baseada na cidade de Kansas, nos EUA.

Marcos, líder da Team Marcos Cunha e professor da campeã Ana Schmitt, tinha na cabeça o objetivo de dar mais visibilidade aos professores que formam campeões, sem ocultar os mesmo debaixo de grandes bandeiras do Jiu-Jitsu. A proximidade com o professor Léo, e as similaridades nas linhas de pensamento, solidificaram a amizade entre eles e a fusão das equipes foi inevitável, visando a busca da evolução do Jiu-Jitsu no quesito equipe.

“Queremos construir uma história de família”, disse Marcos em papo com GRACIEMAG. “Que nossos professores não tenham medo de formar um atleta e depois serem esquecidos. Eles vão ser reconhecidos como formadores daquele atleta. Hoje muitos professores buscam formar suas próprias equipes pois, ao forjar atletas campeões em times grandes, eles acabam não tendo o reconhecimento devido, já que o aluno aparece como representante do time, apenas. Não queremos isso na nossa equipe.”

Confira o papo completo nas linhas abaixo e entenda como Marcos Cunha e Léo Peçanha pretendem revolucionar os moldes das equipes de Jiu-Jitsu!

GRACIEMAG: Como o Jiu-Jitsu surgiu na vida do Marcos Cunha?

MARCOS CUNHA: O Jiu-Jitsu surgiu na minha vida através de um amigo. Nós vivíamos jogando bola na rua, no Rio de Janeiro, no bairro do Jacaré. Tinha 9 anos de idade, e meu amigo sempre passava de kimono. Um dia, ele me convidou para ir na academia fazer um treino. Mesmo descalço, fui com ele e treinei na academia Tatakai, do meu professor e amigo Rogério Loureiro. Eles me emprestaram o kimono e passaram um armlock voador na aula. Eu consegui não só aprender o golpe como o fiz no meu primeiro rola. Aquilo ficou marcado na minha memória, e o Rogério me abraçou para a equipe, assim como os demais membros. Eles me adotaram na equipe, pois não tinha como pagar. Investiram em mim, com kimonos e inscrições em campeonatos, e assim eu comecei no Jiu-Jitsu, por volta de 1992.

O objetivo de ser professor era um desejo antigo ou foi apenas consequência, como na maioria dos casos?

Na verdade não existia mesmo um desejo fixo, meu foco era ser um atleta campeão. Competi muito, por muitos anos. Contudo, por volta dos 17, 18 anos, já ajudava nas aulas, assumia algumas turmas, e isso diminuiu meu foco como atleta, pois me dedicava muito nas aulas. Vivi esses dois lados, e em certo ponto migrei da Tatakai para a Nova União, que eram equipes próximas, já que o meu professor Rogério era aluno do mestre Dell, na época do Mello Tennis Club. Fui para o Nova União ser professor na época e fiquei muitos anos lá.

E a Ana Schmitt? Como vocês se conheceram e quando você percebeu que ela seria uma estrela?

A Ana é uma menina de Blumenau, que treinava em outra academia. Eu sempre acompanhei ela e sabia que ela teria muito sucesso. Talvez ela não tivesse a orientação correta, e isso me deixava incomodado. Fui lutar uma seletiva em Gramado e ela também estava lá. A Ana, já de faixa-marrom, chegou na final e não tinha ninguém para ajudar ela. Eu acabei ajudando ela e naquele momento entendi que ela precisava de outros rumos. Falei com o professor dela na época e ela fez essa transição para a minha equipe, começando a trilhar esse caminho junto comigo. Conquistamos grandes torneios juntos, ela recebeu a faixa-preta e alcançou o sonhado título mundial. A Ana se dedica muito nos treinos, nós temos uma sincronia muito boa. Nos comunicamos muito bem nas lutas dela, ela confia em mim 100%. Nossa parceria deu frutos, e hoje temos várias meninas na minha academia buscando o mesmo objetivo.

A questão da fusão com a Kronos vai além dos times. Você e o Léo já se conheciam, não é? Desde quando?

Como ressaltei antes, meu professor Rogério Loureiro era aluno do mestre Dell, e quando eles juntaram o Mello com a academia do Dedé Pederneiras, formando a Nova União, meu professor fez sua equipe própria, e na Liga Niteroiense nós eramos uma potência nas divisões de crianças. Lutamos muito com o pessoal do Mello, e depois da Nova União. O Léo Peçanha era do meu bairro, mas treinava no Mello com o mestre Dell, no bairro do Valqueire. Naquela época nós tínhamos uma rivalidade de equipes, e nós lutamos um contra o outro na faixa-verde, no ginásio da Gama Filho. O árbitro foi o André Marola, e lembro que teve uma confusão após essa luta por conta do resultado.

Hoje somos grandes amigos, defendemos a mesma bandeira por anos, e a minha fusão com o Léo pela Kronos só mostra que nós queremos andar com nosso próprios passos. Minhas ideias vão juntas com as do Peçanha e queremos formar uma equipe forte, para dar oportunidade aos atletas da forma que nós achamos que deve ser. Peçanha tem uma história linda no Jiu-Jitsu, sou fã dele, eu também trilhei meu caminho e hoje nós buscamos juntos conquistar mais ainda. Nos conhecemos muito jovens, e a nossa amizade se fortaleceu na Nova União, na época que me juntei à equipe. Antes nós estudávamos juntos, mas tínhamos uma rivalidade pacífica por conta da diferença das equipes.

E como foi a proposta da junção das equipes. Como surgiu e como você avalia?

Nós sentamos juntos e buscamos entender essa linha de pensamento similar, e vamos tentar colocar isso em prática, entendendo qual deve ser o melhor caminho para muitos atletas. Vamos trabalhar para mostrar à todos que estamos no caminho certo. Esperamos não errar nas nossas decisões, mas não poderia me unir a alguém que eu não confiasse plenamente. Tive propostas de grandes equipes do cenário mundial, mas eu não queria ser mais um no meio de muitos. Construí um legado, assim como o Peçanha, e vamos mostrar que nós, como formadores de campeões, vamos dar espaço a outros formadores de campeões, todos contribuindo juntos para o crescimento da equipe. Meu primeiro trabalho nesse projeto será dar um camp para o Europeu, na Itália, com o Fabrício Nascimento, depois vou para Kansas nos EUA, conhecer o pessoal da Kronos, mostrando minha linha de trabalho, assim como o Peçanha já está marcando de vir para o sul do Brasil, conversar com a galera, mostrar o trabalho dele, e assim seguirmos na mesma sintonia. Essa é a nossa ideia.

Qual o principal objetivo na fusão da Kronos com a TMC?

Nosso principal objetivo e apresentar ao mundo do Jiu-Jitsu as nossas propostas, dar liberdade e oportunidade à professores e mostrar a nossa filosofia e maneira de pensar refente aos atletas. Que aqui eles vão ter espaço. A nossa ideia é mostrar que quando eles estão num lugar onde se sintam bem, eles vestem a camisa com prazer, os resultados vão aparecer. Um ajudando o outro, um dependendo do outro. Queremos construir uma história de família. Que nossos professores não tenham medo de formar um atleta e que este seja esquecido. Eles vão ser reconhecidos como formadores daquele atleta. Hoje muitos professores buscam formar suas próprias equipes pois ao formar atletas campeões em times grandes eles acabam não tendo o reconhecimento devido, já que o aluno aparece como representante do time, apenas. Não queremos isso na nossa equipe. Queremos contribuir juntos nesse projeto de crescimento no cenário nacional e internacional.

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